O que é este objeto?
“Uma caneta, é óbvio!”, alguém poderia responder. Esse é exatamente o ponto da virada quando falamos sobre o lúdico, infância e literatura: nada é óbvio!
Aos olhos de uma criança, essa caneta pode facilmente se tornar… um avião! Isso acontece porque, na imaginação infantil, os objetos não se resumem às suas funções primárias. Há uma relação simbólica e particular da criança com o mundo que não opera dentro da nossa padronização.
No universo literário, observamos o mesmo processo: as palavras se desprendem de seus significados lógicos. Num poema, uma palavra pode simbolizar um som, um ritmo, um movimento… Ganham uma nova função: uma função lúdica!
Missão da Via Lúdica
A missão da Via Lúdica, neste jogo simbólico onde tudo tem a possibilidade de ser qualquer coisa, é garantir um espaço onde a criança possa exercer sua infância, sem precisar se adequar à lógica imposta pelo universo adulto. A literatura não tem uma intencionalidade prática, como ler para conhecer as palavras ou preparar-se para a alfabetização. Essas são excelentes consequências do ato de ler, mas não são o objetivo principal.
Queremos proporcionar aos nossos pequenos leitores o contato com a literatura enquanto expressão artística. O texto literário escrito para crianças deve respeitar e reconhecer as infâncias como protagonistas do processo. Deve provocar descobertas, acolher as indagações e estimular o imaginário infantil sem ter a intenção de “sanar dúvidas” ou “resolver problemas”, mas sim de ampliar os horizontes de referência.
Para nós, como editora, trabalhar literatura de forma lúdica não significa necessariamente promover brincadeiras e jogos, como o uso de fantoches e teatros, por exemplo. Acreditamos que o lúdico acontece na própria experiência de leitura, nas entrelinhas do livro, nas múltiplas interpretações proporcionadas pela linguagem literária. O livro é a própria via lúdica.