Solo apresenta diversos instrumentos musicais que buscam o momento de maior brilho: um longo e detalhado solo. Em meio à convivência, no entanto, todos os personagens querem esse momento ao mesmo tempo, e o resultado, sem dúvida, não poderia ser mais caótico. Demonstrando a importância da escuta e da organização em prol da harmonia e seus sons, somos apresentados a um livro sensível e repleto de potencialidades.
Neste roteiro, você encontrará sugestões de abordagens possíveis por meio da temática da música, expandido seus vocabulários e conhecendo, de maneira contextualizada, o som de novos termos e melodias.
Mostrar-se interessado e envolvido pela leitura de livros de literatura e por outras produções culturais do campo e receptivo a textos que rompam com seu universo de expectativas, que representem um desafio em relação às suas possibilidades atuais e suas experiências anteriores de leitura, apoiando-se nas marcas linguísticas, em seu conhecimento sobre os gêneros e a temática e nas orientações dadas pelo professor."
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Conhecer e manipular diferentes instrumentos e suportes de escrita.
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Dialogar com crianças e adultos, expressando seus desejos, necessidades, sentimentos e opiniões.
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Dica
Solo é um livro que trabalha sobretudo a musicalidade e suas diversas nuances por meio de diferentes apresentações de instrumentos musicais. Nesse sentido, opte pela preparação de um ambiente de leitura com recurso sonoro – uma caixa de som portátil, por exemplo –, de modo a apreciar os meios que o próprio livro disponibiliza em QR Code: o som dos instrumentos mencionados.
Para a familiarização com o tema, busque explorar os sons e as potencialidades musicais, bem como suas diferenças, no contexto da própria sala. Para isso, proponha uma divisão da turma em dois grupos: o primeiro fica responsável por bater palmas e o segundo deve bater em suas respectivas mesas.
Inicialmente, peça que ambos os grupos façam seus sons simultaneamente.
Em um segundo momento, oriente que intercalem suas ações, estabelecendo uma ordem de dois toques + palma + dois toques + palma. Repita os comandos algumas vezes até que as crianças percebam que a organização e a sincronização de seus movimentos produzem uma sonoridade muito mais próxima de música do que da primeira forma, quando todos estavam desorganizados.
Posteriormente, proponha reflexões tendo essa atividade por base, fazendo questionamentos como:
• Vocês gostam de ouvir e cantar músicas? Quem te acompanha nessa atividade?
• Você pode mostrar o que é barulho? E o que é música?
• Parece que o barulho é todo bagunçado, não é mesmo? E a música?
A proposição inicial de atividade, acompanhada das questões de percepção da harmonia, ainda que não com o termo específico, contribuirá diretamente para a interpretação da narrativa, além de introduzir a própria noção de melodia e sobreposição de sonoridades.
Em toda a narrativa de Solo, somos convidados a perceber a associação entre texto e ilustração, que se incubem da tarefa de representar, por meio de onomatopeias e expressões marcadas nos personagens instrumentos musicais, os muitos sons contidos ao longo do livro.
Glossário
Har-mo-ni-a
1. Arte da formação de acordes e da relação existente entre eles.
2. Sucessão de acordes conforme os princípios da modulação.
3. Sequência de sons agradáveis aos ouvidos (adaptado de Michaelis, 2025).
Para familiarização com a obra, busque explorar os elementos da capa, a tipografia e as ilustrações. Para isso, manuseie o livro e leia a quarta capa em voz alta. Posteriormente, sugerimos as seguintes perguntas:
• Que objeto é este personagem que está na capa?
• Quais outros instrumentos aparecem?
• Como parece estar o humor dos instrumentos? Eles parecem calmos ou muito agitados?
• Este parece ser um livro sobre o quê? Como podemos perceber isso?
As perguntas que compreendem os textos não verbais da capa têm a intenção de capacitar uma leitura global dos elementos, reforçando as expectativas de leitura e engajando as crianças na representação visual do conteúdo, que, em essência, fala sobre sonoridade.
Nesse sentido, busque também orientar a leitura de modo que as crianças percebam, a partir da interpretação da história, o que é o “solo” de um instrumento; retomando, após a leitura, como isso foi compreendido.
Mostrar-se interessado e envolvido pela leitura de livros de literatura e por outras produções culturais do campo e receptivo a textos que rompam com seu universo de expectativas, que representem um desafio em relação às suas possibilidades atuais e suas experiências anteriores de leitura, apoiando-se nas marcas linguísticas, em seu conhecimento sobre os gêneros e a temática e nas orientações dadas pelo professor."
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Reconhecer elementos das ilustrações de histórias, apontando-os, a pedido do adulto-leitor.
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Demonstrar interesse e atenção ao ouvir a leitura
de histórias e outros textos, diferenciando escrita de ilustrações, e acompanhando, com orientação do adulto-
-leitor, a direção da leitura (de cima para baixo, da esquerda para a direita).
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Dica
Solo é uma obra que tem em si a representação da música. Sendo assim, divida a leitura em dois momentos, priorizando inicialmente a leitura com tons modalizados, sem deixar de lado as onomatopeias e as leituras que suas tipografias sugerem (vibrados, agudos, etc.).
Em um segundo momento, sugira que as crianças também representem esses sons, aproximando o contato com o objeto livro e direcionando o entusiasmo da leitura por meio de interação e expressão corporal.
Além de adjetivar os instrumentos de modo a valorizar suas capacidades musicais (e trazer, nesse âmbito, muitos novos termos ao vocabulário dos pequenos leitores), a obra demonstra a importância do respeito ao momento de escuta do outro e à organização como instrumento de promoção da harmonia – conceito que pode ser aplicado em muitos campos de nossa convivência. Assim, a compreensão da obra pressupõe muitas potencialidades de leitura, bem como um solo fértil para interpretações de metáforas da convivência.
Sons escritos e desenhados
Necessárias para a composição da obra, as onomatopeias têm seus sentidos ainda mais expandidos pela disposição e organização de suas escritas ao longo das páginas da história. Conduza o olhar das crianças, durante a leitura, para que percebam como, ainda que sejam termos escritos, essas palavras têm a capacidade de representar os instrumentos musicais em ação.
Para isso, compare as marcações iniciais da música em sua ocorrência normal (enquanto a banda ainda não enfrenta solos desorganizados) e como os sons escritos tomam quase toda a página quando todos decidem tocar sozinhos, ainda que simultaneamente. Faça perguntas dirigidas, por exemplo:
• Como estão os sons enquanto todos respeitam a vez de tocar?
• Como eles ficam quando todos decidem tocar sozinhos e sem uma ordem?
• Vamos experimentar reproduzir esses sons?
Glossário
o-no-ma-to-pei-a
1. A palavra que tem essa formação; a palavra que pretende imitar certos sons e ruídos, como, por exemplo: atchim, miau, pum etc.
(adaptado de Michaelis, 2025).
Acolha as respostas das crianças, destacando como é importante respeitar o momento do outro e a organização a que cada atividade é submetida, retomando os aspectos visuais das páginas destacadas e seus respectivos contrastes entre quando estavam tocando em harmonia e o momento em que decidiram tocar sozinhos.
O poder do maestro
A figura que representa a organização e retomada da harmonia é a do caderno de partitura empunhando uma batuta (um maestro). Nesse sentido, ainda que a autonomia e o respeito sejam objetivos claros enquanto boas práticas individuais e em sociedade, é inegável que, principalmente em algumas fases da vida, a experiência e a observação de outras pessoas sejam fundamentais para a manutenção do bem estar coletivo.
Assim, sugerimos que, por meio das páginas destacadas, sejam explorados os contrastes entre os cenários – quando o maestro chega e, logo depois, voltando à organização inicial graças a seu trabalho feito junto com a equipe. Busque questionar:
• Quem é o maestro na sala de aula? Por quê?
• E em casa, quem são os maestros? O que eles fazem para que tudo fique como deve ser?
• E nós, somos como esses instrumentos musicais? Por quê?
As representações visuais, associadas ao texto e às questões feitas, contribuem para uma percepção não impositiva da figura de autoridade ou organização, refletindo sobre o fato de que alguns conflitos, na maioria das vezes, demandam um “maestro” que reja com sabedoria algumas questões e auxilie, por exemplo, na convivência agradável de todos.
Para saber mais
A arte da regência compreende habilidades musicais e expressivas por meio das quais o maestro direciona os músicos em uma orquestra e/ou coral. Em conversa com Arnon Oliveira, professor da Escola de Música da Universidade Federal de Minas Gerais, entendemos o que significa a figura do regente e descobrimos curiosidades sobre a profissão.
O vídeo Regência: conheça as curiosidades do trabalho de maestro está disponível em: https://linkja.net/regencia-maestro-YouTube.
Mostrar-se interessado e envolvido pela leitura de livros de literatura e por outras produções culturais do campo e receptivo a textos que rompam com seu universo de expectativas, que representem um desafio em relação às suas possibilidades atuais e suas experiências anteriores de leitura, apoiando-se nas marcas linguísticas, em seu conhecimento sobre os gêneros e a temática e nas orientações dadas pelo professor."
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Manipular materiais diversos e variados para comparar as diferenças e semelhanças entre eles.
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Utilizar materiais variados com possibilidades de manipulação (argila, massa de modelar), explorando cores, texturas, superfícies, planos, formas
e volumes ao criar objetos tridimensionais.
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Após a leitura, promova um espaço de diálogo e acolhimento das principais impressões, retomando os aspectos fundamentais trabalhados durante a leitura. Para isso, conduza a conversa com perguntas que incentivem a troca, por exemplo:
• Como os instrumentos aparecem no fim do livro? Vocês acham que eles precisarão treinar um pouco mais de harmonia?
• O que conseguimos entender da palavra harmonia? O que ela causava nos instrumentos?
• Você acha que existe harmonia apenas na música ou na nossa convivência também? Como podemos percebê-la em ação?
Ao serem questionados sobre os sentidos de alguns termos empregados e a associação entre os elementos narrativos em seus contextos práticos da realidade, os pequenos leitores materializam a experiência de leitura a partir de formatos da vida, criando paralelos e comparações entre o que lhes foi apresentado e seus já depreendidos conhecimentos prévios.
Estabelecer essas conexões garante não apenas a fixação de novos saberes como também o estreitamento afetivo com a obra lida, uma vez que valoriza a capacidade interpretativa visual, textual e prática.
ATIVIDADES
Escrevendo sons
Acompanhando as experiências visuais-sonoras propostas por Solo e tendo o professor como escriba, nesta atividade sugerimos a reprodução e a percepção dos sons aos quais estamos cotidianamente expostos.
A partir de imagens ou comandos orais, solicite que as crianças reproduzam com o corpo e a voz sons de trânsito, de trens, de eletrodomésticos, entre outros ruídos aos quais temos acesso normalmente. Feitos os sons, demonstre como eles poderiam ser representados de forma escrita, valorizando, por exemplo, o tamanho das letras, os efeitos de vibração e demais recursos que transmitam a ideia do barulho proposto.
Ainda que as crianças não estejam com seu processo de alfabetização concluído, a associação entre os sons e os efeitos visuais demonstra a capacidade de representação, a associação linguística natural entre o signo e sua leitura, bem como aguça a capacidade expressiva por meio de onomatopeias, relacionando-se com a leitura da obra abordada e as vivências que os pequenos têm em suas rotinas convencionais.
Construindo sons
Explorando os aspectos de sonoridade abordados ao longo de toda a obra, proponha a construção de instrumentos musicais simples, como chocalhos, e a percepção da produção de sons a partir de objetos variados, como elásticos ou barbantes tensionados.
A elaboração desses instrumentos pode se valer de embalagens recicladas e objetos cotidianos, demonstrando que a produção dos sons, associada aos trabalhos artísticos manuais, é um recurso acessível e enriquecedor do ponto de vista interpretativo da compreensão e experimentação sonora pelas crianças.
Jogo do maestro
Para demonstrar os instrumentos musicais típicos de culturas variadas e engajar as crianças no conhecimento deles, bem como explorar as habilidades de atenção, escuta dirigida e identificação, promova a reprodução dos sons de instrumentos selecionados e conduza uma roda de “Jogo do maestro”, questionando, por exemplo:
• Esse som parece com algum que conhecemos?
• Como vocês imaginam que é esse instrumento? Ele é tocado por cordas, sopros ou batidas?
• O som desse instrumento é mais animado ou contido?
• Em que momento você colocaria uma música assim para tocar?
Além de incentivar a expansão do vocabulário musical das crianças e a possibilidade de falar sobre as culturas originais desses instrumentos, a atividade mobiliza uma série de percepções contextuais, como a leitura de ambiente ou a diferença entre tons, ainda que os nomes específicos não sejam conhecidos.
Converse com os pequenos ouvintes sobre as justificativas para suas escolhas, suscitando suas experiências musicais anteriores e possibilitando a livre comunicação sobre suas impressões acerca dessa temática artística e enriquecedora.
Sugerimos para essa atividade a apresentação de instrumentos musicais indígenas, ressaltando suas confecções atentas aos aspectos estéticos, e não apenas sonoros. No caso da apresentação de instrumentos dessas culturas, é válido também ressaltar suas semelhanças com sons típicos da natureza e como eles são reproduzidos pela confecção humana.
O vídeo Conhecendo instrumentos indígenas, do canal do YouTube Bia Ornelas, traz os sons e as imagens que podem ser utilizadas ao longo da atividade.
Disponível em: https://linkja.net/instrumentosindigenasYouTube.
Dos estudantes
Refletindo sobre a ideia de tocar juntos, produzir harmonia e compreender os papéis de todos os integrantes em uma composição musical, o vídeo a seguir, publicado pela Hilton College Music, é uma verdadeira aula de trabalho em equipe e qualidade musical.
Disponível em: https://linkja.net/driveHiltonCollegeYouTube.
Dos professores
A pesquisa de Gilmara Sales de Freitas, vinculada à Universidade de São Paulo, com o título Brincando com a música na educação infantil, tem o objetivo de descrever as vivências musicais de uma turma de crianças da Educação Infantil e demonstrar de que modo a brincadeira pode potencializar o interesse das crianças pelas diversidades de ritmos, ampliando o repertório de sons de cada educando.
O trabalho completo está disponível em: https://bdta.abcd.usp.br/item/003010352.
Referências
Referências
BIA ORNELAS. Conhecendo Instrumentos Indígenas. Bia Ornelas, 13 abr. 2021. 1 vídeo (3 min).
Disponível em: https://linkja.net/instrumentosindigenasYouTube. Acesso em: 20 mar. 2025.
FREITAS, Gilmara Sales de. Brincando com a música na educação infantil. 2020. Trabalho de Conclusão de Curso (Especialização) – Escola de Comunicações e Artes, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2020.
Disponível em: https://bdta.abcd.usp.br/item/003010352. Acesso em: 20 mar. 2025.
HARMONIA. In: MICHAELIS. Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa. Editora Melhoramentos, 2025 (adaptado).
Disponível em: https://linkja.net/harmoniaMichaelis. Acesso em: 20 mar. 2025.
HILTON COLLEGE MUSIC. “Drive” (as orig. performed by Black Coffee/Guetta) – 2019 Hilton College Competition Marimba band. Hilton College Music, 3 ago. 2019. 1 vídeo (2 min).
Disponível em: https://linkja.net/driveHiltonCollegeYouTube. Acesso em: 3 abr. 2025.
ONOMATOPEIA. In: MICHAELIS. Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa. Editora Melhoramentos, 2025 (adaptado).
Disponível em: https://linkja.net/OnomatopeiaMichaelis. Acesso em: 20 mar. 2025.
TV UFMG. Regência: conheça as curiosidades do trabalho de maestro. TV UFMG, 23 dez. 2019. 1 vídeo (4 min).
Disponível em: https://linkja.net/regenciamaestroYouTube. Acesso em: 20 mar. 2025.