Pelos olhares de um elefantinho curioso, o livro Qual é o sabor do arco-íris? levanta uma série de questionamentos que, ao longo da vida, ainda que fundamentais, parecem ficar de lado. Questionando-se sobre choros de gargalhadas e onde estávamos antes de nascer, a obra fala por si quando se trata de seu valor poético e delicado, relembrando as curiosidades de viver que não devem mesmo ser esquecidas.
Neste roteiro, você encontrará abordagens possíveis da obra, levando em consideração a importância da curiosidade na produção e apropriação do conhecimento, bem como na compreensão e fruição das ilustrações de Erika de Pieri e do texto poderoso de Mario Bellina.
Mostrar-se interessado e envolvido pela leitura de livros de literatura e por outras produções culturais do campo e receptivo a textos que rompam com seu universo de expectativas, que representem um desafio em relação às suas possibilidades atuais e suas experiências anteriores de leitura, apoiando-se nas marcas linguísticas, em seu conhecimento sobre os gêneros e a temática e nas orientações dadas pelo professor."
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Levantar hipóteses sobre gêneros textuais veiculados em portadores conhecidos, recorrendo a estratégias de observação gráfica e/ou de leitura.
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Comunicar suas ideias e sentimentos a pessoas e grupos diversos.
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Qual é o sabor do arco-íris? coloca lado a lado questões simples, de ordem prática da experiência, e grandes perguntas reflexivas, como geralmente o olhar infantil tem a capacidade de questionar. Nesse sentido, para a familiarização com o tema, sugerimos as seguintes abordagens disparadoras:
• Quando vocês vivem algo muito legal ou fazem uma grande descoberta, para quem gostam de contar?
• E como vocês se sentem ao descobrir algo novo?
• Quem vocês acham que gosta mais de descobrir formatos nas nuvens e tomar banho de chuva: adultos ou crianças? Por que acham isso?
Dica
Para preparação do ambiente de leitura, priorize um local aberto, em que as crianças possam observar o céu e diferentes texturas representadas nas ilustrações (como de animais, madeira, etc.), remetendo a alguns dos questionamentos do livro e oportunizando momentos de observação e interatividade a partir da temática da obra.
Ouça com atenção as respostas dadas, incentivando as experiências narradas e criando um ambiente de valorização do olhar dos pequenos leitores, contextualizando como a descoberta é interessante em todos os sentidos.
Para a familiarização com a obra, manuseie o livro com os estudantes, priorizando inicialmente a observação da capa. Enquanto criação das expectativas de leitura, pergunte:
• Qual é o título do livro? Vocês já imaginaram se o arco-íris tem sabor? Qual seria?
• Quem está na capa do livro? Como eles estão se sentindo?
• Esses dois parecem muito amigos. Como conseguimos perceber isso?
• O livro traz muitas perguntas. Você acha que podemos usar a memória e a imaginação para respondê-las?
É esperado que as crianças reparem no urso azul e no elefante, protagonista da obra; posteriormente, na interação entre os amigos, a partir do contato físico e de suas colocações corporais (deitados de forma descontraída, tocando as patas e com expressão de contentamento). Busque, ao ouvir as respostas, demonstrar como a imaginação, a curiosidade e a afetividade são ferramentas preciosas para a compreensão do mundo ao nosso redor, além de fortalecer a curiosidade para as demais perguntas que o livro traz em si.
Mostrar-se interessado e envolvido pela leitura de livros de literatura e por outras produções culturais do campo e receptivo a textos que rompam com seu universo de expectativas, que representem um desafio em relação às suas possibilidades atuais e suas experiências anteriores de leitura, apoiando-se nas marcas linguísticas, em seu conhecimento sobre os gêneros e a temática e nas orientações dadas pelo professor."
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Formular e responder perguntas sobre fatos da história narrada, identificando cenários, personagens e principais acontecimentos.
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Demonstrar empatia pelos outros, percebendo que as pessoas têm diferentes sentimentos, necessidades e maneiras de pensar e agir.
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Perguntas sobre sentimentos, ações e fenômenos do cotidiano permitem abordar temas universais – como alegria, tristeza, medo e amor – de forma lúdica e acessível, além de valorizar as narrativas individuais, fortalecendo a autoestima e o autoconhecimento. Nesse sentido, enquanto potencialidades de leitura para Qual o sabor do arco-íris?, sugerimos:
Dica
Enquanto mediação, sugerimos que você seja o modelo leitor, dividindo a leitura em dois momentos: primeiro, leia as perguntas acompanhadas de suas ilustrações, chamando atenção para os detalhes; em uma segunda leitura, faça paradas que ache relevantes, abrindo espaço para as possíveis respostas da turma.
Pequenas ações para grandes mudanças
Durante a leitura, perguntas sobre sentimentos e experiências afetivas podem levar a uma discussão sobre como pequenas ações positivas podem impactar o mundo. Para essa reflexão, destaque as questões dessa natureza (demonstradas a seguir) e proponha reflexões como:
• Quais são as coisas que mais fazem vocês sorrirem?
• Quando estamos na companhia de quem amamos, como nos sentimos? Vocês ficam mais seguros e confiantes? Por quê?
• O que podemos fazer para despertar um sorriso em quem está à nossa volta?
Os questionamentos, nesse caso, têm a intenção de relacionar a interpretação abstrata da leitura às ações práticas ou suas respectivas experiências, conduzindo as crianças ao produto final deste roteiro, que, em suma, valoriza a experiência enquanto aprendizado em contexto. Espera-se, assim, que os estudantes possam acessar suas narrativas pessoais e comecem a estruturar ideias de sequencialidade e possibilidades de contá-las aos demais ouvintes, bem como conectem-se com a obra por meio de ações concretas no dia a dia. Busque valorizar as respostas, orientando e direcionando as histórias, pontuando o que vem antes ou depois de determinados fatos e, consequentemente, ensinando a expressão autônoma dos sentimentos de maneira clara e objetiva – por exemplo, na noção de troca de turnos de fala, em que todos têm de ter o momento de falar também.
Carinho que escolhemos: a amizade
A obra pode ser usada como fonte de inspiração para promover conversas entre crianças e adultos, ou entre as próprias crianças, fortalecendo vínculos e a comunicação enquanto se conectam emocionalmente com o livro. Nesse sentido, retome a importância de ter com quem compartilhar experiências, refazendo as perguntas do livro que versam sobre essa temática. Reforce as expressões demonstradas nas ilustrações delicadas do urso e do elefantinho. Tendo em vista o produto final deste roteiro, destaque a importância de guardar esses momentos de companheirismo e como, muitas vezes, não verbalizamos todos os bons sentimentos relacionados a ter uma companhia de que gostamos.
Glossário
a-mi-go
1. Pessoa que está ligada a outra por laços de amizade, afeição, estima ou simpatia.
2. Indivíduo que demonstra lealdade, apoio e solidariedade em relação a outro.
3. Alguém com quem se compartilham interesses, experiências ou momentos de vida.
Sinônimos: companheiro, camarada, confidente, aliado, parceiro.
(Adaptado de Michaelis, 2025).
Neste tópico, também é válido que você leia o significado de amigo segundo o dicionário, demonstrando os sentimentos e as ações que a amizade tem em si. A leitura, nesse caso, pode enaltecer a importância de se tratarem bem, serem gentis, etc.
Minhas experiências
Com relação às perguntas de ordem mais prática, a obra convida as crianças a refletir sobre suas experiências pessoais, seus sentimentos e o mundo ao seu redor: tanto por levar a discussões sobre direções, paisagens e meios de transporte como também por falar acerca de pequenos momentos serem tão valiosos.
• Você já tomou banho de chuva?
• Qual caminho você faz de volta para casa?
Com as perguntas, espera-se que as crianças fiquem animadas ao narrar o que já sabem ou imaginam: a primeira questão, por exemplo, pode levar a pensar sobre momentos de liberdade, conexão com a natureza e alegria simples; enquanto a segunda, por sua vez, pode fazer a criança lembrar de detalhes do seu trajeto diário ou de viagens especiais. Objetiva-se a organização de ideias e, consequentemente, a ativação de conhecimentos prévios e individuais. Assim, busque direcionar essas perguntas de forma mais longa, abrindo espaços de escuta coletiva às narrativas que serão suscitadas.
Mostrar-se interessado e envolvido pela leitura de livros de literatura e por outras produções culturais do campo e receptivo a textos que rompam com seu universo de expectativas, que representem um desafio em relação às suas possibilidades atuais e suas experiências anteriores de leitura, apoiando-se nas marcas linguísticas, em seu conhecimento sobre os gêneros e a temática e nas orientações dadas pelo professor."
EI03EO01
Demonstrar empatia pelos outros, percebendo que
as pessoas têm diferentes sentimentos, necessidades e maneiras de pensar e agir.
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Expressar ideias, desejos e sentimentos sobre suas vivências, por meio da linguagem oral e escrita (escrita espontânea), de fotos, desenhos e outras formas de expressão.
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Após a leitura da obra, promova um espaço de diálogo e acolhimento, ouvindo e valorizando as impressões e respostas dadas aos questionamentos do livro durante a leitura. Para isso e para preparação das próximas atividades, sugerimos:
• Vocês perceberam quantas experiências já têm e quantas ainda podem experimentar? Quais foram suas preferidas?
• Você gostaria de guardar suas respostas a essas perguntas para ver no futuro? Será que elas vão mudar muito? Como você imagina?
• Quais outras pessoas gostariam de responder a essas perguntas, na sua opinião? Vamos perguntar juntos?
Demonstre que é possível essa espécie de fotografia do imaterial, escrevendo, filmando, registrando, e que todos terão a oportunidade de também fazer perguntas às pessoas de quem gostam, por exemplo. De maneira geral, os processos de confiança para responder e autonomia para perguntar valorizam o conhecimento da leitura feita e trabalham diretamente na construção dos pequenos indivíduos em formação.
ATIVIDADES
Fazendo perguntas
Como pudemos perceber ao longo das abordagens, Qual é o sabor do arco-íris? é uma obra poderosa para engajar as crianças em uma leitura ativa, reflexiva e criativa, além de ser um recurso valioso para mediadores que desejam proporcionar diálogos significativos. Nesse sentido, promova a seleção e a criação de novas perguntas, a partir da construção de frases interrogativas no quadro, por exemplo. Sugira que as crianças falem quais são os questionamentos que gostariam de fazer a demais pessoas, como pais, amigos e outros familiares, tendo em vista a construção do produto final deste roteiro.
Após a elaboração coletiva, seja o escriba e registre as perguntas feitas pelo grupo. O processo de registro das perguntas não apenas trabalha a autonomia e a curiosidade como também valoriza os momentos de referência e afetividade em relação à obra.
Ilustrando a curiosidade
Nos moldes da obra lida, peça que as crianças ilustrem, com os materiais artísticos disponíveis, as perguntas que registraram em sua folha. Posteriormente, as respostas podem ter um espaço especialmente destinado no verso das páginas. Incentive a criatividade e a associação de diferentes linguagens, a criação de um personagem ou mesmo a autorrepresentação nesta etapa de trabalho.
Documentando as impressões de viver: caderno de perguntas viajantes
Tendo em mãos os trabalhos feitos com perguntas ilustradas, reúna as folhas de modo a construir um “caderno de perguntas viajantes”. A ideia é que esse material possa visitar as famílias em dias variados e que as crianças tenham a possibilidade de conhecer as impressões de viver de seus entes queridos, bem como que a turma tenha acesso à multiplicidade de perspectivas que a diversidade em si proporciona.
De acordo com a quantidade de estudantes da classe, um calendário pode ser elaborado para que cada um saiba o dia em que o caderno estará em seu poder e quem gostaria de convidar a respondê-lo. Semanalmente, as crianças podem ter um momento de leitura coletiva das respostas registradas pelos “entrevistados” ao longo dos dias – o que promove novas discussões e reflexões sobre as temáticas abordadas.
Dos estudantes
Para complementar o repertório cultural dos estudantes, recomendamos um curta-metragem da Pixar em que um filhote de pássaro enfrenta seu medo do mar enquanto aprende a buscar comida na praia. Piper (2016) tematiza o medo inicial que as descobertas do mundo podem gerar, mas mostra como são, ao mesmo tempo, belas e valiosas lições de um mundo de possibilidades.
O curta está disponível na plataforma Disney Plus: https://linkja.net/Disney-Plus.
Dos professores
Caso ache interessante, aprimore seu repertório teórico com o documentário Quando sinto que já sei, que registra práticas educacionais inovadoras por todo o Brasil. A obra reúne depoimentos de pais, estudantes, educadores e profissionais de diversas áreas sobre a necessidade de mudanças no tradicional modelo de escola. Durante dois anos, os realizadores visitaram iniciativas em oito cidades brasileiras – projetos que estão criando novas abordagens e caminhos para uma educação mais próxima da participação cidadã, da autonomia e da afetividade.
Material completo disponível em: https://linkja.net/quando-sinto-que-ja-sei-YouTube.
Clique para imprimir o seu roteiro de leitura:
Referências
AMIGO. In: MICHAELIS. Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa. Editora Melhoramentos, 2025 (adaptado). Disponível em: https://linkja.net/Amigo-Michaelis. Acesso em: 14 fev. 2025.
PIPER. Pixar Animation Studios. Disney+, 2016. 1 curta-metragem (6 min).
Disponível em: https://linkja.net/Disney-Plus. Acesso em: 14 fev. 2025.
VEKANTE EDUCAÇÃO E CULTURA. Quando sinto que já sei. Vekante Educação e Cultura, 2014. 1 vídeo (78 min). Disponível em: https://linkja.net/quando-sinto-que-ja-sei-YouTube. Acesso em: 14 fev. 2025.