Os adoráveis desobedientes de Dóris é uma história divertida sobre uma mãe crocodilo que enfrenta o desafio de cuidar de seus 26 filhotes, cada um com uma personalidade única e nomes que vão de Antônio a Zeca. Em meio às situações do dia a dia, Dóris nos faz pensar: será que todos nós deixamos nossas mães de cabelo em pé?
Este roteiro de leitura traz dicas e orientações para trabalhar esta obra com crianças a partir de cinco anos, especialmente em turmas que já estão começando a se familiarizar com as letras.
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Para a familiarização com o tema, faça um momento de diálogo com as crianças, introduzindo questões relacionadas à dinâmica familiar e também ao alfabeto – um tema que fica subentendido ao longo da narrativa. Para isso, você pode iniciar com as seguintes perguntas:
• Quantas pessoas moram na casa de vocês? São muitas pessoas ou poucas?
• Quem cuida da casa, das pessoas e dos animais? Vocês ajudam nessas tarefas?
• Vocês se consideram muito bagunceiros?
• Vocês acham que é fácil cuidar de muitas crianças ao mesmo tempo? Por quê?
As crianças podem citar a mãe, o pai, irmãos, avós ou até elas mesmas como as pessoas que cuidam da casa. Incentive-as a compartilhar situações em que ajudaram em casa e também aquelas em que fizeram bagunça, especialmente ao lado de irmãos ou primos. Dependendo do contexto socioeconômico e cultural da turma, essas respostas podem variar e é importante acolher todas as contribuições, incentivando o respeito a todos os modos e condições de vida.
Introduza também perguntas relacionadas ao alfabeto, para que as crianças estejam mais atentas à forma como ele aparece nos nomes dos personagens durante a história. Você pode falar algo como:
• Quem aqui conhece todas as letras do alfabeto?
• Quantas letras existem no nosso alfabeto?
• Com qual letra começa o nome das crianças da turma?
Algumas turmas e crianças da Educação Infantil, especialmente a partir dos cinco anos, já estão mais familiarizadas com as letras e o alfabeto, outras não. Este pode ser um bom momento de introdução ao tema ou de retomada, caso ele já tenha sido trabalhado.
Para a familiarização com a obra, incentive a leitura inferencial, na qual as crianças começam a antecipar a história e a se envolverem com a narrativa antes da leitura, promovendo habilidades interpretativas. Para isso, mostre a capa e leia o título, Os adoráveis desobedientes de Dóris. A seguir, faça as seguintes perguntas:
• Quem será a Dóris? E quem são os adoráveis desobedientes?
• Por que vocês acham que o livro tem este título?
É esperado que as crianças reconheçam Dóris como a crocodila da capa e criem a hipótese de que ela seja mãe dos filhotes, sendo eles os “adoráveis desobedientes”. Chame a atenção das crianças para o humor pre-sente neste momento: os filhos são chamados de adoráveis, mas também de desobedientes; a ilustração traz crocodilos com roupas e andando como gente.
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Repetições e os sons da letra
Leia pela primeira vez a história em voz alta sem fazer pausas e sem chamar muito a atenção para as letras repetidas. Durante uma segunda leitura, dê ênfase aos nomes dos filhotes e à palavra que vem na sequência dele, a fim de que as crianças percebam a repetição de letras:
“Antônio abocanhou…”, “Bia brigou…”.
Dica
Faça a leitura do livro modelando a entonação e o ritmo. Use estes recursos para envolver as crianças na história e servir como modelo de leitura literária e em voz alta. No caso de Os adoráveis desobedientes de Dóris, é interessante usar uma entonação mais animada e engraçada, enfatizando o tom de humor que o livro tem.
É possível que as próprias crianças já comecem a perceber essa repetição, mas você pode explicitá-la em mais uma releitura. Explique que esta repetição é chamada de aliteração e que é bastante utilizada em poemas e músicas, porque provoca sons interessantes ao lermos as frases. Peça às crianças que repitam algumas vezes as frases do livro, identificando estes sons.
Para saber mais
A aliteração é uma figura de linguagem que consiste na repetição de fonemas consonantais ou sílabas, para remeter a um som e estabelecer efeitos sonoros específicos no texto. Trata-se de um recurso linguístico muito utilizado em poemas ou letras de música, mas também pode ocorrer em textos em prosa (Mundo Educação, s.d.).
Mobilizando a curiosidade
Converse com as crianças sobre o fato de cada animal cuidar dos filhotes de formas diferentes.
Para saber mais
Apesar da sua reputação, por serem poderosos e ferozes, os crocodilos têm um lado mais suave – as mães são gentis. Dependendo da espécie, as fêmeas podem botar de dez a cem ovos, de um a cinco meses após o acasalamento. Às vezes, elas os enterram em ninhos à beira de rios ou os colocam na areia. Crocodilos-de-água-salgada normalmente botam entre cinquenta e sessenta ovos, que demoram cerca de 114 dias para serem chocados.
As mães ficam perto de seus ovos, protegendo-os de predadores. Quando eles estão prontos para eclodir, os bebês emitem um som, e a mãe começa a desenterrá-los para levá-los até a água. A mãe mantém os filhotes em segurança dentro de sua própria boca – dependendo da espécie, uma mãe crocodilo pode carregar até dezenove filhotes na boca de uma só vez (World Animal Protection, 2021).
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Após a leitura, realize um novo momento de diálogo sobre as temáticas abordadas pelo livro. A conversa é dinâmica, guiada pelas reações da turma, mas algumas questões podem ajudar a conduzir o diálogo: Após a leitura, convide as crianças a compartilhar o que pensaram e sentiram a respeito da narrativa, com perguntas como:
• O que vocês acharam dos filhotes de Dóris? Vocês se identificaram com algum?
• Como vocês acham que seria ter tantos irmãos diferentes?
• Por que será que os filhotes se comportam de maneiras diferentes?
Este é um momento descontraído, em que as crianças irão trazer cenas de que gostaram e personagens com os quais se identificaram. Deixe que se expressem e tragam suas opiniões livremente e aproveite para reforçar a ideia de que as pessoas são diferentes entre si e cada família é única.
Pergunte às crianças se elas notaram algo nos nomes dos filhotes. Caso elas não tenham percebido, mostre que o nome de cada filhote começa com uma letra do alfabeto, e eles aparecem no livro em ordem alfabética.
Ao apresentar este elemento da história, perceba como cada criança o compreende e se engaja com ele. Na Educação Infantil, as crianças iniciam o processo de conhecer o alfabeto em um letramento inicial que envolve a construção de uma relação significativa e lúdica com a linguagem escrita. Esse contato inicial pode ser feito por meio de atividades que promovem a percepção visual e auditiva dos sons e o reconhecimento de padrões. O trabalho a partir de nomes próprios e da leitura literária pode despertar a curiosidade com o mundo letrado de forma lúdica e contextualizada.
ATIVIDADES
Uma letra igual à próxima
Proponha às crianças que criem pequenas frases, compostas por duas ou três palavras, com seus próprios nomes, usando aliterações inspiradas nos exemplos do livro (“Antônio abocanhou”, “Bia brigou”). Faça a atividade em roda, para que as aliterações deem um tom de música ou brincadeira.
Caso as crianças já estejam nesta fase, você pode sugerir que criem hipóteses de escrita para essas palavras que imaginaram. Se não, você pode fazer registros escritos do que as crianças criarem verbalmente. Ao final, vocês podem produzir um pequeno livro de aliterações feito pela turma, em que cada criança contribui com uma frase que representa a letra do seu nome.
Filhotes de alfabeto
Oriente cada criança a escolher uma letra e criar um cartaz ilustrado com a representação desta letra e com seu próprio “filhote de crocodilo”, dando-lhe um nome e desenhando uma cena que represente a personalidade do personagem criado. Os cartazes podem ter tipografias coloridas e diferentes para destacar a letra escolhida, estimulando a conexão visual com o alfabeto e com o livro.
Família alfabética
Convide os alunos a criarem um segundo livro, chamado “Família alfabética”. A atividade tem como objetivo proporcionar uma experiência lúdica e construtivista, em que as crianças, com o apoio do professor, começam a explorar palavras móveis com letras variadas. Ao procurar palavras que comecem com a letra inicial de seu nome, elas praticam a leitura de forma inferencial. A partir dessa descoberta, as crianças podem criar versos simples, o que estimula tanto o processo de alfabetização quanto a criatividade, permitindo uma aprendizagem ativa e personalizada. Relembre exemplos que constam na obra e sugira versos como “Carlos come chocolate” e “Lara lê livros”. O livro pode ser exposto na sala, juntamente com os filhotes de alfabeto e o livro das aliterações, em um evento que reúna a comunidade escolar, como uma mostra cultural ou feira literária.
Dos estudantes
No vídeo, Paulo Autran declama poesias do livro Ou Isto ou Aquilo, de Cecília Meireles, destacando sua habilidade com aliterações. As poesias de Meireles, repletas de sons e imagens, encantam pela musicalidade e ritmo únicos.
Dos professores
O artigo Por que alfabetizar com nome próprio?, da Nova Escola, explora a importância de trabalhar o nome pessoal na introdução ao sistema de escrita na Educação Infantil. A prática é defendida por especialistas como uma forma significativa de despertar a consciência fonética e reforçar a identidade da criança, além de facilitar o desenvolvimento da escrita de forma mais personalizada e eficaz.
Referências
CECÍLIA MEIRELES EX-LIBRIS. Paulo Autran declama poesias do livro “Ou Isto ou Aquilo” de Cecília Meireles. Facebook, 29 out. 2015. Disponível em: https://linkja.net/Autran_s194. Acesso em: 14 nov. 2024.
POR QUE alfabetizar com nome próprio?. Nova Escola. São Paulo [s.d.]. Disponível em: https://linkja.net/NE_f7wf.
Acesso em: 13 nov. 2024.
SARTE, Marcelo. Aliteração. Mundo Educação [s.d.]. Disponível em: https://linkja.net/aliteração_q0kd. Acesso em: 31 out. 2024.
DESCUBRA 6 fatos incríveis sobre os crocodilos. World Animal Protection, 2021. Disponível em: https://linkja.net/crocodilos_vowc. Acesso em: 31 out. 2024.
