Os cabelos são considerados a moldura do rosto. Eles exercem função social de identidade e de representatividade. Marcam a época, determinam a moda e os estilos, além de apontar posicionamentos políticos e ideológicos. Portanto, a leitura de O que fazem os cabeleireiros é muito relevante para os estudantes nos anos iniciais, uma vez que valoriza essa profissão tão importante e traz informações de forma adorável, colorida e com muito estilo.
Neste Roteiro de Leitura, serão propostas atividades de autorrepresentação, como autorretratos plásticos e literários, que ressaltam e valorizam a importância da profissão que trabalha com a autoestima das pessoas.
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No momento de familiarização com o tema, sugerimos que você organize uma roda de conversa para falar de cabelo e dos primeiros contatos com o cabeleireiro. Para aquecer e motivar a conversa, toque para os estudantes a música Cabelo, de Jorge Ben Jor e Arnaldo Antunes. Depois de ouvi-la, inicie a conversa com perguntas, entre elas:
• Vocês têm medo de cortar o cabelo?
• Cortar o cabelo dói?
• Já ouviram alguém falar que cabelo é teimoso?
• A música fala de laquê, fixador, gomalina. Vocês conhecem esses produtos?
Laquê, fixador e gomalina eram utilizados para moldar e fixar os cabelos. Explique que esses produtos desempenhavam funções semelhantes às dos atuais gel, gelatina e mousse. O laquê, por exemplo, era um spray utilizado para fixação e evoluiu para o spray fixador moderno. Também destaque que hoje existem sprays específicos para colorir os cabelos, ampliando as possibilidades de estilo.
Pergunte aos estudantes:
• Vocês gostam de cortar o cabelo? E de fazer penteados?
• Já fizeram um cabelo maluco?
• Quem corta o seu cabelo?
• Vocês têm algum penteado preferido?
• Vocês gostariam de fazer alguma coisa diferente em seu cabelo?
• Existe alguém ou algum personagem de quem vocês admiram os cabelos ou o penteado?
As perguntas visam estimular a participação ativa das crianças, promovendo a expressão de sentimentos, memórias e preferências relacionadas ao cabelo. Questões como “Vocês têm medo de cortar o cabelo?” ou “Cortar o cabelo dói?” podem gerar respostas como “Sim, tenho medo de ficar feio” ou “Não, mas acho estranho”, ajudando a desmistificar o corte de cabelo e tranquilizar os estudantes. Já as perguntas sobre laquê, fixador e gomalina podem despertar curiosidade e associações familiares, como “Minha avó usa!” ou “Nunca ouvi falar”. O objetivo é também conectar o tema ao universo das crianças, incentivando-as a falar sobre experiências pessoais, como cortes inusitados, penteados preferidos ou personagens admirados, a fim de promover um ambiente de troca, criatividade e autoconfiança.
Para iniciar a atividade, apresente a capa e leia o título do livro O que fazem os cabeleireiros para os estudantes. Após a observação da imagem, estimule a conversa com as seguintes perguntas:
• O que vocês acham que um cabeleireiro faz?
• A imagem mostra um cabeleireiro ou uma cabeleireira?
• Vocês conhecem os instrumentos que estão no cinto do cabeleireiro?
• Por que será que ele tem mais uma tesoura e um pente na mão?
• Para pentear seus cabelos, vocês usam pente, escova ou garfo de cabelo?
• Já viram um garfo de cabelo?
• O que acharam do penteado do cabeleireiro?
Durante a discussão, é provável que as crianças percebam que, em virtude da diversidade dos tipos de cabelo, diferentes pentes e tesouras são necessários.
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Professor, os livros informativos para crianças vão além de simplesmente apresentar informações. Eles têm o propósito de estimular a pesquisa e incentivar o hábito da pergunta, o que ultrapassa os limites do objeto discutido no próprio livro. Assim, cada obra informativa se transforma em uma porta de entrada para inúmeros outros aprendizados.
No caso deste livro, a narrativa aborda a grande diversidade e pluralidade de cabelos. Há uma classificação específica para as diferentes texturas e cores, de modo a permitir que os estudantes se aprofundem nos conceitos apresentados.
Dica
A mediação da leitura do texto informativo deve ser realizada de maneira colaborativa e inferencial, incentivando os estudantes
a desenvolver suas próprias percepções, expressar seus entendimentos, fazer perguntas e colaborar com respostas e hipóteses. Para isso, é importante ter um dicionário à mão, fazer marcações e anotações, identificar ideias implícitas e pesquisar dados adicionais. Além disso, você deve encorajar as discussões sobre as explicações do livro e lembrar os estudantes de que a leitura de uma obra informativa pode exigir pausas, pois o processo de exploração do conhecimento exige tempo e reflexão, sendo mais eficaz quando não realizado de forma apressada.
Muitas texturas
Os cabelos são organizados em quatro grupos principais:
1. Liso
2. Ondulado
3. Cacheado
4. Crespo
Dentro de cada grupo, existem subcategorias que descrevem características como a espessura do fio e o grau de curvatura. Essa classificação pode ser explorada para promover discussões sobre a diversidade e a individualidade de cada pessoa. Nesse momento, você pode perguntar às crianças com quais cabelos elas mais se identificam. Pode também aproveitar essas pausas para perguntar quais são a cor e a textura do cabelo dos estudantes. Atente-se sempre para o acolhimento de cada resposta ao mesmo tempo que enaltece suas características positivas.
Explorando a temática da obra: elementos do cuidado capilar
Professor, este livro oferece uma excelente oportunidade para ampliar o vocabulário e explorar objetos relacionados ao cuidado e ao tratamento dos cabelos. Alguns elementos presentes no cotidiano dos salões de beleza podem ser destacados, explicados e contextualizados com os estudantes:
1. A capa
A capa é utilizada para proteger a roupa da pessoa durante o corte ou o tratamento capilar. Além de prática, ela também pode ser um ponto de conversa sobre higiene e conforto nos salões de beleza.
2. A cadeira com lavatório
A cadeira acoplada ao lavatório é um item central no salão. Ela combina funcionalidade e ergonomia, permitindo que as pessoas lavem os cabelos de forma confortável antes de outros procedimentos. Aqui os estudantes podem aprender sobre a importância da lavagem como preparação para tratamentos.
3. O secador de cabelo
O secador é uma ferramenta indispensável, usada para modelar e finalizar os penteados. É interessante explorar como ele funciona e a sua relação com outros elementos, como o protetor térmico, o qual ajuda a proteger os fios do calor.
4. A tesoura
A tesoura é o instrumento principal no corte de cabelo, mas existem diversos tipos, como as tesouras para desbaste e para cortes precisos. Aproveite para discutir com os estudantes a habilidade e a técnica necessárias para manuseá-la de forma segura e criativa.
5. O shampoo
O shampoo é essencial na limpeza dos cabelos. Explique a função de remover a sujeira e o excesso de oleosidade, além de apresentar as diferentes opções de produtos disponíveis, como os específicos para cabelos lisos, cacheados ou tingidos.
Perguntas durante a leitura
Muitos instrumentos são utilizados pelos cabeleireiros em sua rotina diária. Conforme for apresentando cada item para a turma, faça perguntas que estimulem a interação e o aprendizado:
• Vocês já conhecem este instrumento?
• Sabem como ele se chama?
• Já viram alguém usando-o? Onde?
• Para que vocês acham que ele serve?
• A personagem ganhou uma presilha no final do corte. Vocês gostam de usar acessórios no cabelo? Quais?
Professor, retome a leitura da imagem a seguir e investigue com os estudantes:
• Com qual penteado vocês se identificaram mais?
• Qual penteado escolheriam para usar?
• Qual corte de cabelo acharam mais diferente?
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Após a leitura, é importante abrir espaço para as crianças compartilharem suas percepções sobre essa atividade tão relevante em nossas vidas, que é cortar os cabelos.
A personagem do livro sai muito contente e orgulhosa do salão do cabeleireiro, e a companhia do pai parece ser muito importante.
Professor, pergunte aos estudantes:
• Vocês já foram ao salão de cabeleireiro ou cortam os cabelos em casa?
• E à barbearia, alguém já foi?
• Quem costuma levá-los para cortar o cabelo?
Para a pergunta “Vocês já foram ao salão de cabeleireiro ou cortam os cabelos em casa?”, as respostas podem variar, como: “Eu sempre vou ao salão, minha mãe ou meu pai me leva”, “Corto em casa, meu pai ou minha mãe corta meu cabelo” ou “Às vezes vou ao salão, mas também corto em casa”.
Já para “E à barbearia, alguém já foi?”, os estudantes podem responder: “Sim, eu vou à barbearia com meu pai ou avô”, “Nunca fui à barbearia, só corto cabelo no salão” ou “Eu não vou, mas meu irmão, avô ou pai vai”.
No caso da pergunta “Quem costuma levá-los para cortar o cabelo?”, entre as respostas possíveis, estão: “Minha mãe sempre me leva”, “Vou com meu pai”, “Às vezes vou com meus avós” ou “Vou sozinho porque já sou maior”.
Essas perguntas incentivam a troca de experiências, conectando a história do livro às vivências pessoais das crianças de forma leve e reflexiva.
ATIVIDADES
Palavras que me representam
A autor retratística é um campo da Arte que estuda a história, os meios de produção e circulação, a recepção, as formas e os significados dos autorretratos. Graças a esse campo, sabemos que a produção de autorretratos existe desde a antiguidade. Um exemplo é o autorretrato de Ni-ankh-Ptah, no Antigo Império Egípcio, e, mais tarde, no século V a.C., Fídias teria deixado seu autorretrato no Partenon. Desde então, muitos artistas passaram a documentar momentos de suas vidas por meio de obras de arte me-moráveis, mas não apenas nas Artes Plásticas. Também há autorretratos famosos na Literatura, como o poema Autorretrato, de Cecília Meireles, o texto Autorretrato: Graciliano visto por Graciliano, publicado na Revista Leitura em dezembro de 1942, e o poema de Mário Quintana, O autorretrato. Outro exemplo é o livro As Confissões, de Jean-Jacques Rousseau.
Para se autorretratar, o autor precisa organizar seus pensamentos e sentimentos, com o objetivo de dar significado à sua imagem. Esse é um processo complexo que envolve reflexão, expressão, interpretação, criação e comunicação.
Professor, com isso em mente, convide seus estudantes a escreverem um pequeno autorretrato. Leia para eles o poema de Mário Quintana e, em seguida, peça que escrevam (com ajuda, escrita espontânea ou ditando) um breve autorretrato. Ele deve conter, pelo menos, a cor dos cabelos, uma qualidade, um traço físico, o animal preferido, a cor favorita e o próprio nome. Após completarem a atividade, guarde as tiras de papel para serem usadas posteriormente.
Cada um através do espelho
O autorretrato é uma representação de si mesmo, criada por um artista, que serve para expressar emoções e retratar as características da sociedade e do período histórico em que o artista vive.
O acervo do Museu Nacional de Belas Artes (MNBA) desempenha um papel fundamental na preservação da história das mulheres nas Artes Plásticas brasileiras, com destaque para os autorretratos de artistas pioneiras. Na década de 1940, três importantes figuras do cenário artístico brasileiro, Angelina Agostini, Georgina de Albuquerque e Regina Veiga, doaram seus autorretratos ao museu. Essas obras representam marcos na trajetória de mulheres que desafiaram as normas de sua época.
Para conhecer melhor o contexto dessas artistas e seus autorretratos, explore a história disponível aqui: https://linkja.net/mulheresartistas.
Após a apreciação dos autorretratos, os estudantes devem ser convidados a criar seus próprios autorretratos utilizando lápis de cor, canetinhas e giz de cera. No entanto, eles não devem desenhar os cabelos, pois essa parte será trabalhada posteriormente com a ajuda dos cabeleireiros designados para a atividade.
Mãos à obra!
Professor, instrua os estudantes a criarem seus autorretratos utilizando uma variedade de materiais, como lápis de cor, canetinhas, giz de cera, aquarela, recortes de revistas, pedaços de tecidos ou qualquer outro material disponível. Essa diversidade de materiais permitirá que cada criança explore diferentes texturas e estilos, tornando o processo criativo mais dinâmico e pessoal.
Após concluir a parte do autorretrato, peça aos estudantes que façam os cabelos utilizando esses materiais, com a mesma atenção que deram ao restante da obra, valorizando o trabalho do cabeleireiro como um profissional que contribui para a construção da identidade visual das pessoas.
Dos estudantes
Os cabelos são parte fundamental na manutenção da autoestima e no reconhecimento de si. E o cuidado com o cabelo pode render momentos de afeto e gentileza para com o outro. É isso que nos mostra o curta-metra-gem Hair love, ganhador do Oscar em 2019. Ele está disponível em: https://linkja.net/hairlove.
Dos professores
O artigo ‘Cabelo bom’ e ‘cabelo ruim’: será que isso existe mesmo? propõe uma reflexão importante sobre as construções sociais que associam determinados tipos de cabelo a padrões de beleza. A socióloga Luciana Bento explora como esses conceitos, muitas vezes discriminatórios, impactam a autoestima das crianças desde a infância, especialmente em relação aos cabelos crespos.
Você pode lê-lo no seguinte link: https://linkja.net/cabelobomouruim.
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Referências
BENTO, Luciana. ‘Cabelo bom’ e ‘cabelo ruim’: será que isso existe mesmo? Lunetas, 17 maio 2018.
Disponível em: https://linkja.net/cabelobomouruim. Acesso em: 9 dez. 2024.
HAIR love. Direção: Matthew A. Cherry, Everett Downing Jr. e Bruce W. Smith. EUA: Sony Pictures Releasing, 2019. Disponível em: https://linkja.net/hairlove. Acesso 29 nov. 2024.
MEIRELES, Cecília. “Auto retrato”. Antologia poética. São Paulo: Global, 2013.
MUNDO DOS POEMAS. O Auto-Retrato | Poema de Mário Quintana com narração de Mundo Dos Poemas. YouTube. 1 vídeo (59 s). Publicado em: 2 out. 2020. Disponível em: https://linkja.net/oauto-retrato. Acesso em: 9 dez. 2024.
QUINTANA, Mário. “O auto-retrato”. Apontamentos de História Sobrenatural. São Paulo: Globo, 1976.
RAMOS, Graciliano. “Auto-retrato: Graciliano visto por Graciliano”. Revista Leitura. Edição 001. Rio de Janeiro, dezembro 1942.