Na sala de aula

ROTEIRO DE LEITURA

capa de quem sao esses pes

De quem são esses pés?

Katrine Crow
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Tradução: Carol Campos
Gênero: Conceitos
Idade: 1 ano
Segmento: Informativo
Tema: Animais

Em De quem são esses pés?, um universo de características únicas e surpreendentes dos animais é apresentado aos pequenos leitores. Por meio de perguntas e respostas, as crianças são estimuladas a descobrir e explorar as especificidades de cada bicho, expandindo seus conhecimentos de mundo enquanto se encantam com belíssimas fotografias.

Neste roteiro, você encontrará abordagens possíveis da obra, enfatizando sua fórmula de previsibilidade textual e valorizando a criação de hipótese e comprovação, bem como abrindo possibilidades com a descoberta de formas, texturas e conhecimentos sobre esse reino diverso que é a natureza da fauna.

Antes da leitura

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Para a familiarização com a temática abordada em De quem são esses pés?, explore aspectos que despertem a curiosidade das crianças, enquanto se cria uma expectativa acerca do jogo de descobertas sobre o qual a obra se realiza. Para isso, questione inicialmente:

• Para que servem nossos pés?

• Nos animais eles têm a mesma função?

Tendo em mente que a obra é voltada a crianças bem pequenas, busque vias lúdicas que demonstrem as habilidades necessárias – como a observação dos detalhes nas descobertas. Promova, nesse sentido, uma brincadeira breve em que as crianças tirem seus sapatos e explorem as características de seus próprios pe­zinhos, comparando, por exemplo, os formatos dos dedos, das unhas, os tamanhos e as cores diferentes. Participe desse momento demonstrando características diversas entre os pés adultos e os dos pequenos, desta­cando que, mesmo muito diferentes, todos são perfeitos para nossa mobilidade, equilíbrio, locomoção, etc. A brincadeira, além de favorecer a observação atenta e a interação como um todo, prepara as crianças para os conteúdos propostos pela leitura a seguir.

Para a familiarização com a obra, faça uma leitura em voz alta da pergunta que origina o título do livro, acentuando o tom de questionamento e centralizando a atenção à imagem. É possível que, já neste primeiro contato, as crianças se arrisquem a responder que é o pé de um pato. Assim, conduza os demais questiona­mentos de forma a reforçar a expectativa de leitura, perguntando:

• Vocês já viram um pato de pertinho?

• Por que vocês acham que os dedos deles são grudadinhos?

Acolha as respostas e experiências dos que já viram um pato e explore em que ambiente eles estavam. Comente a função que facilita a locomoção desses animais em terra e na água (que provavelmente será ci­tada pelos que já tiveram contato com o animal), dando uma ideia, ainda que inicial, de adaptação do bicho ao ambiente e suas respectivas funções. Ainda que seja uma leitura voltada a crianças e bebês, estimular suas experiências recentes contribui para a valorização da expressão e comunicação, bem como cria um laço afetivo com a leitura que se segue.

Durante a leitura

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Para mediação de leitura, busque explorar a potencialidade textual da obra em relação à estruturação de perguntas e respostas. Leia os questionamentos e estenda o tempo a fim de ouvir as hipóteses dos pequenos leitores. De maneira geral, além de trabalharmos com as próprias estruturas comunicativas de perguntas e respostas e com a inferência entre texto, imagem e conhecimento prévio, também pode ser desenvolvida de forma orgânica a percepção de trocas de turno de fala (saber ouvir e saber o momento de responder), de acordo com o contexto de leitura criado em sala.

É válido também que mais perguntas sejam exploradas durante a revelação de cada animal, como:

• Vocês já viram pés como esses?

• Por que vocês acham que eles são assim?

• Quais são as maiores diferenças entre esses pezinhos e os nossos?

Revele o personagem cujos pés foram centralizados, valorizando todas as hipóteses levantadas, sua coerência em relação à fotografia ou o que fez com que deduzissem ser um animal diferente. Corroborar ou reformular hipóteses é um procedimento que favorece o raciocínio lógico e, além disso, cria um laço afetivo com o tema e o livro, uma vez que os pequenos são estimulados a reagir e responder aos enunciados da obra em si.

De quem são esses pés? abarca uma gama de potencialidades de leitura que podem ser exploradas de acordo com a adaptação de idade dos leitores, proporcionando, igualmente, diversas possibilidades de adaptação. Nesse sentido, sugerimos:

A natureza do movimento

Ao longo das páginas da obra, é possível perceber que as perguntas são acompanhadas de adjetivações po­derosas em destacar características ou mesmo dar pistas para a leitura inferencial. Em um primeiro momento, destaque essas marcas apontadas, favorecendo a inferência de informações.

Questione, por exemplo:

• Por que esses pés são dançantes?

• O que são pés escamosos?

• Vocês sabem o que são nadadeiras?

Em uma segunda leitura, busque um foco em maior experimentação física, destacando, nos pés dos pinguins, nossos personagens dançantes; ou nos pés dos crocodilos, com suas escamas, a sugestão de movimento:

• Vocês sabem como um pinguim anda? Conseguem imitá­lo?

• E o crocodilo, como se movimenta?

Comente o quanto esse balançar corpóreo, experimentado pelas crianças na demonstração do movimento, parece mesmo com uma dança, estendendo a leitura à percepção física como um todo. No caso do crocodilo, destaque também suas pernas, demonstrando como o movimento mais rente ao chão é ocasionado para sua locomoção em terra, por exemplo. A experimentação das adaptações animais ao seu habitat proporciona às crianças a conexão entre informação e prática, tornando o conhecimento – e a leitura como um todo – mais significativo e sensorial.

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Leitura de ambiente

Para além da centralização dos animais e do destaque das suas patas, também somos apresentados indire­tamente aos ambientes que compõem a fotografia dos bichos, podendo então inferir alguns de seus hábitos e os espaços em que vivem. Assim, após descobrirem de quem exatamente é aquele pé, explore a leitura global de imagem, perguntando:

• Onde este animal está: na terra, na água, em uma árvore?

• Como seus pés ajudam que ele se movimente nesse lugar?

Além de incentivar a leitura de inferência global e a percepção dos cenários na composição da imagem, quando questionamos a relação dos pés com o espaço, reforçamos uma vez mais a relação entre adaptação e deduções lógicas, bem como a percepção de relação entre os elementos – tanto da obra quanto da natureza em si. É possível que as crianças, a depender de suas idades no contexto de leitura, não tenham exatamente a percepção de como o espaço acentua a adaptação do animal. Para isso, estabeleça comparações entre am­bientes de água e terra, solos macios ou ásperos. Questione, por exemplo, se as crianças precisam de sapatos quando estão na água ou se eles são mais convenientes para andar sobre pedras; associando a sensibilidade e a proteção, estendendo a noção às características também dos animais.

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Para saber mais

Um mundo de informações

Para complementar as informações inferidas e as imagens demonstradas ao longo da leitura, adapte informações científicas ao nível de compreensão da turma, evidenciando quanto o habitat pode ser responsável pelas características que os animais desenvolvem ao longo de sua vida no planeta. 

Pés de aves aquáticas – adaptação para nadar

Muitas aves aquáticas, como patos e gansos, têm pés palmados, com membranas entre os dedos que funcionam como remos, ajudando-as a nadar com eficiência (Proctor; Lynch, 1993).

Pés palmados e garras afiadas para ambientes aquáticos e terrestres

Os crocodilos são animais semiaquáticos, e suas patas são um compromisso evolutivo entre (Zaher, 2019).

• Aquaticidade: membros posteriores palmados para natação.

• Terrestralidade: garras fortes para tração em terra e manipulação de objetos (Zaher, 2019).

Glossário

ha-bi-tat

Local ou ambiente natural onde um ser vivo se desenvolve, incluindo as condições físicas, químicas e biológicas que permitem sua sobrevivência e reprodução.

Exemplo: O habitat do lobo-guará inclui áreas de cerrado e campos abertos 

(adaptado de Michaelis, 2025).

Com a exposição de informações, espera-se que as crianças ganhem um novo termo em seu vocabulário, bem como compreendam, a depender de suas idades, a influência do meio ambiente em transformações físicas e de habilidades no geral. Além de tudo isso, a curiosidade por novas informações é despertada a partir da obra lida.

Após a leitura

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Após a conclusão da leitura do livro De quem são esses pés?, promova um espaço de diálogo e acolhimento, ouvindo as crianças e retomando pontos importantes que ocorreram durante a leitura. Questione:

• Qual pé vocês ainda não conheciam?

• Qual deles pareceu mais rápido? E o mais forte?

É esperado que as crianças mostrem suas impressões, refazendo movimentos e revendo os pés que foram descobertos. Permita, assim, que os pequenos tenham mais contato com o objeto livro em si, tocando e olhando mais de perto suas fotografias. Neste momento, é possível que eles atentem às imagens com mais texturizações representadas, como a pata do crocodilo. Nesse sentido, crie uma expectativa de interação para nossa proposição de atividade, deixando claro que eles experimentarão diferentes sensações táteis que podem reproduzir as peles dos animais. Acolha também, de modo geral, suas impressões sobre a obra, tornando o momento de leitura um tempo significativo de interação e associando o ato com memórias afetivas, o que contribui com a formação leitora como um todo, tão importante em diversas fases do desenvolvimento.

ATIVIDADES

Que textura é essa?

Utilizando diferentes materiais, recrie algumas texturas representadas no livro a fim de proporcionar uma ex­periência tátil às crianças, treinando observações e favorecendo uma interação nova de sentidos. Para isso, elabore um tapete tátil, dispondo sobre o chão, ou mesmo no tapete da sala (formando estações sensoriais), materiais diferentes, por exemplo: penas/plumas de fácil acesso; mantas ou ursos de pelúcia; tiras de papelão (removendo a parte lisa e deixando à mostra a camada ondulada, relembrando escamas mais grossas, como as dos crocodilos) e demais materiais que deseje/idealize.

Permita que as crianças transitem sobre essas estações, experimentando com as mãos e os pezinhos suas diferenças e, em momentos descontraídos, questionando:

• Teríamos uma sensação parecida com essa tocando no pé de qual animal?

• Quais outros animais têm texturas parecidas com essa?

Acolha suas percepções, sugerindo novos animais e que voltem às estações pelas quais já passaram, demons­trando comparações e retomando suas impressões com demais toques nas texturas. Permitir que as crianças experienciem essas mudanças táteis não apenas reforça o laço afetivo com os conhecimentos em construção a partir da obra como enriquece suas percepções em relação aos ambientes em que transitam, expandindo suas capacidades de observação e incentivando novas descobertas por meio da depreensão do mundo pelos sen­tidos físicos.

Nossa trilha de pegadas

Com tintas atóxicas disponíveis na escola, proponha uma experiência visual e sensorial – uma trilha de nossas próprias pegadas. Para isso, em papel kraft estendido no chão, pinte um dos pezinhos de cada criança e oriente que caminhem sobre o papel. Cores variadas podem ser utilizadas para que os pequenos identifiquem quais foram seus passos, analisem o formato do próprio pé e acompanhem o trajeto feito. Criar essa percepção indi­vidual em relação à temática da obra estreita os laços de afetividade, além de colocar o estudante como centro do seu próprio universo de descobertas, uma vez que ele se vê como parte integrante do todo proposto.

Reserve as trilhas de pegadas das crianças para que façam parte da próxima atividade.

Seguindo pegadas

Dando continuidade a todos os aspectos trabalhados em De quem são esses pés?, é chegada a hora de propor novos desafios, com pés diferentes e em ambientes variados. Tendo por base a imagem a seguir (com patas de diferentes animais em relação aos propostos no livro), promova uma caça ao tesouro a partir de trilhas de pegadas. Ambientes variados da escola podem ser utilizados, como pátio, jardim etc. Assim, o contato com a natureza conhecida e os espaços cotidianos pode ser observado a partir de uma nova ótica, orientada pelo caminho das pegadas coladas no chão.

A ideia central é que, ao longo da caminhada, perguntas de retomada sejam feitas, bem como criações de expectativas reforçadas:

• De quem será essa pegada?

• Esses pés são cobertos por penas, pelos ou cascos?

• Será que esse animal poderia viver nesse habitat?

O resultado da expedição de pegadas pode ser a resposta correta sobre as trilhas do animal, curiosidades so­bre ele (ou, no caso das pegadas dos estudantes, mais informações, como seu nome e sua idade, por exemplo) e demais aspectos de incentivo que sejam efetivos com a turma. A atividade também pode envolver demais integrantes da comunidade escolar, principalmente depois que as crianças já tiverem descoberto o caminho e o animal – o anseio de mostrar e guiar adultos e demais colegas a sua descoberta torna o processo afetivo, além de preparar um solo fértil aos trabalhos com autonomia e autoestima.

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Para ampliar o repertório

Dos estudantes

Ciranda dos bichos, composição da dupla Palavra Cantada, valoriza, como ao longo de toda experiência com a obra desfrutada, a movimentação corporal e a experimentação dos sentidos inspirados em características dos animais e seus habitats.

Disponível em: https://linkja.net/ciranda­dos­bichos­PalavraCantada.

Para ainda mais conexão e momentos de descontração, sem sair da temática abordada, sugerimos a canção Pé com pé, da mesma dupla de artistas.

Disponível em: https://linkja.net/pe­com­pe­PalavraCantada.

Dos professores

Comentando sobre a importância de brincadeiras sensoriais, dando dicas de preparação e destacando pontos de atenção no planejamento dessas atividades, o artigo Brincadeiras sensoriais: entre descobertas e desenvolvimento destrincha o tema e cria um panorama muito rico sobre a temática em questão na Educação Infantil.

Disponível em: https://linkja.net/brincadeiras­sensoriais­NovaEscola.

Clique para imprimir o seu roteiro de leitura:

Referências

CALIXTO, Tatiane. Brincadeiras sensoriais: entre descobertas e desenvolvimento. Associação Nova Escola, 2023.
Disponível em: https://linkja.net/brincadeiras­sensoriais­NovaEscola. Acesso em: 27 fev. 2025.

FREEPIK. Grande conjunto monocromático de animais diferentes. Freepik.
Disponível em: https://linkja.net/conjunto­animais­diferentes­Freepik. Acesso em: 27 fev. 2025.

GRIGG, G.; KIRSHNER, D. Biology and Evolution of Crocodylians. CSIRO Publishing, 2015.

HABITAT. In: MICHAELIS. Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa. Editora Melhoramentos, 2025 (adaptado).
Disponível em: https://linkja.net/Habitat­Michaelis. Acesso em: 26 fev. 2025.

PALAVRA CANTADA OFICIAL. Ciranda dos Bichos. Palavra Cantada Oficial, 25 jul. 2013. 1 vídeo (2 min).
Disponível em: https://linkja.net/ciranda­dos­bichos­PalavraCantada. Acesso em: 26 fev. 2025.

PALAVRA CANTADA OFICIAL. Pé com pé. Palavra Cantada Oficial, 2015. 1 vídeo (3 min).
Disponível em: https://linkja.net/pe­com­pe­PalavraCantada. Acesso em: 25 mar. 2025.

PROCTOR, N. S.; LYNCH, P. J. Manual of Ornithology: Avian Structure and Function. Yale University Press, 1993.

ZAHER, Hussam; BARRIO­AMORÓS, César L.; BORGES­MARTINS, Márcio; COLE, Charles J.; FRANCO, Francisco L.; RODRIGUES, Miguel Trefaut (Orgs.). Répteis do Brasil: Herpetologia. 1. ed. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo (EdUSP), 2019.

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