O livro De quem é esse nariz? apresenta em sua estrutura textual um jogo de perguntas e respostas que estabelece um diálogo direto entre o livro, o professor mediador e as crianças. Neste triângulo, a partir da leitura das imagens, o leitor poderá participar ativamente do desvendamento da narrativa, descobrindo algo mais sobre os diferentes tipos de nariz que encontramos por aí e também reafirmando suas habilidades de leitura de mundo.
Neste roteiro, sugerimos algumas atividades que reforcem a investigação sobre as potencialidades das diferentes partes do corpo, bem como a variedade de formas e funções que cada nariz encontrado nos mais diferentes animais pode apresentar. A partir da leitura do livro, os estudantes poderão despertar outros olhares e sensações para uma parte do nosso corpo ao mesmo tempo, pequena e essencial.
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Antes de iniciar a leitura, sugerimos que você reúna o grupo e faça algumas atividades que mobilizem a atenção dos bebês e das crianças pequenas para as diferentes partes do corpo humano.
Para isso, você pode propor alguma brincadeira que explore partes do corpo, como “Cabeça, ombro, joelho e pé”. Além de sensibilizar os estudantes para a leitura da obra, associar o contexto da mediação de leitura a uma brincadeira pode criar significados importantes para esse momento, relacionados à coletividade e ao contentamento.
Após a brincadeira, você pode propor algumas perguntas para estimular conversas e percepções por parte dos bebês e das crianças.
• Alguém poderia me dizer, ou apontar, onde ficam os olhos no nosso corpo?
• E a barriga? E a orelha? E o nariz?
• E o que faz a barriga? E a orelha?
• E o que será que conseguimos fazer com nosso nariz?
Tais questionamentos poderão fazer com que as crianças percebam que o corpo, embora constitua uma unidade, é também composto de diferentes partes e que cada uma delas apresenta funções diferentes em nosso organismo. Procure não estabelecer hierarquias, como se uma parte fosse melhor que outra, mas somente evidenciar suas diferenças e regiões do corpo. É provável que as crianças tragam as respostas pela fala, mas também com o corpo, apontando em si ou nos colegas. Com o livro aberto, mostre às crianças a capa e a contracapa.
Como o próprio título do livro traz uma pergunta, é possível que já neste início os bebês e as crianças respondam informando que se trata do nariz do porquinho. Explore com a turma as imagens e informações presentes na capa e contracapa. Você pode perguntar:
• Alguém sabe me dizer que parte do animal é essa?
• E alguém consegue me dizer qual é esse animal da capa?
• E aqui, na contracapa, o que vocês estão vendo?
• Pensando nessas respostas que falamos aqui, alguém gostaria de me dizer se tem alguma ideia sobre o que pode ser o tema deste livro?
Essas perguntas criam a possibilidade de realização da leitura visual da capa e contracapa da obra pelo grupo. São questões que estimulam a criação, por parte das crianças, de uma relação entre a informação textual presente no título e a informação visual. Além disso, permitem que o leitor possa fazer inferências sobre o conteúdo do livro a partir desta conversa prévia, ainda com o livro fechado. Esta é uma habilidade que irá acompanhar todo o seu percurso leitor, até o momento da leitura autônoma.
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Perguntas e respostas
Durante a leitura da obra, estimule a fala e a presença dos leitores, deixando abertos espaços para sua participação. Para isso, você pode ler três sequências de duplas de páginas, de forma que as crianças percebam a lógica instaurada de perguntas e respostas que se revela por meio dos textos e das imagens.
Em seguida, na fotografia do focinho do cavalo, você pode parar e reforçar a pergunta para que as próprias crianças antecipem a resposta.
• Alguém sabe me dizer de quem é esse focinho grande?
• Será que é de um animal grande ou pequenininho?
• E de que cor é esse focinho?
• Alguém observa algo mais nessa imagem? Olhem com cuidado.
Tais perguntas podem estimular as crianças a fazer essa antecipação e descobrir, pelo nariz, qual é o animal. A ideia de pensar no tamanho do animal também as ajudará a construir essa relação entre o tamanho do corpo e suas partes.
Visualizando perspectivas
Ao questionar sobre os detalhes da fotografia, você também convoca a atenção das crianças para esta super lente de aumento e para a possibilidade de explorar detalhes deste nariz peculiar.
Vire a página e leia a resposta, informando a todos que se trata de um cavalo. Mostre a dupla de páginas e formule perguntas que ajudem as crianças a entender algo mais sobre as diferentes perspectivas.
• Vocês repararam que é o mesmo nariz que visualizamos na imagem anterior? Olhem bem!
Neste momento, você pode voltar à fotografia anterior para que as crianças possam compará-las.
• Alguém consegue observar uma diferença entre eles?
• O que aconteceu com a imagem depois que viramos a página?
Essas perguntas podem construir um percurso de percepções a respeito da imagem que favorecem o reconhecimento das diferentes perspectivas propostas pela obra, que ora apresenta uma imagem muito aumentada, ora uma imagem mais distante e que revela o corpo todo do animal em questão.
Investigando texturas
Por fim, você pode explorar aspectos sobre as texturas de cada nariz, algo que fica bastante evidente nas fotografias aumentadas.
• Como vocês imaginam que é a textura do nariz do cavalo?
• Será áspero? Macio?
• Alguém já tocou no nariz de um cavalo?
Escute as respostas e histórias que as crianças queiram trazer para a roda. Não é preciso que você informe como é, de fato, a textura do nariz do cavalo, construindo um clima de investigação e descoberta.
Volte algumas páginas e retome a fotografia do nariz do porquinho.
• E o nariz do porquinho, como vocês imaginam que é a textura dele?
• Será macio? Gelado? Molhado?
• Alguém já tocou no nariz de um porquinho?
Tais perguntas podem estimular os bebês e as crianças a seguir explorando e descobrindo algo mais sobre as texturas de cada nariz a partir da visualização das imagens. Este diálogo entre o professor mediador e o grupo leitor favorece que as crianças percebam que são capazes de descobrir aspectos das fotografias, consolidando suas habilidades leitoras.
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Após finalizar a leitura, observe a turma, suas sensações e seus movimentos. Em se tratando de bebês e crianças pequenas, é provável que tais reações não venham apenas a partir da fala, mas também com expressões e movimentações corporais.
Recupere com as crianças os nomes dos animais que foram encontrados na narrativa: elefante, porquinho, tucano, cavalo e cachorro. Faça algumas perguntas iniciais para começar o momento de conversas.
• Alguém já tinha observado o nariz desses animais tão de perto?
• O que vocês acharam dessas fotografias?
• Que outros animais vocês gostariam que estivessem presentes neste livro?
Tais perguntas podem despertar as primeiras reflexões sobre o livro. Escute as respostas das crianças e fique atento para chamar também aquelas que ainda não tenham se colocado, criando oportunidades para que todos se sintam convidados a falar. É esperado que elas compartilhem, mesmo que por meio de palavras soltas ou frases curtas, o que acharam das fotografias e experiências com os animais apresentados e/ou outros que gostariam que fizessem parte do livro.
ATIVIDADES
Que nariz diferente você tem!
Esta proposta tem o objetivo de explorar com as crianças as percepções sobre as diferenças de cada nariz. Para isso, sugerimos que você retome as fotografias do nariz do elefante, do tucano e do cachorro. A partir de perguntas, construa uma reflexão sobre as características de cada um:
• Agora vamos observar o nariz de três animais específicos: o elefante, o tucano e o cachorro.
• Observem a tromba comprida do elefante. O que será que ele pode fazer com ela?
• E o bico do tucano, tem algo parecido com a tromba do elefante?
• E o focinho molhado do cachorro? É parecido ou diferente?
Tais perguntas pretendem estimular que as crianças observem diferenças em relação a cada animal e que possam, a partir de sua forma, identificar funções. Acolha as respostas das crianças. Explore com elas as diferenças na imagem e traga também informações sobre cada nariz. Por exemplo, a tromba do elefante pode espirrar água também. O tucano tem um bico bem duro. E o cachorro pode reconhecer as pessoas pelo nariz.
Existem muitas particularidades sobre o nariz de cada animal. A seguir, selecionamos algumas informações interessantes que você pode ler e compartilhar com os bebês e as crianças, fazendo alterações na linguagem, caso necessário.
Para saber mais
Bem mais que um nariz
A tromba do elefante pode pesar mais de 140 quilos e constitui uma mistura de lábio superior e nariz alongado. Com a tromba, o elefante também consegue beber e comer. Ele suga a água pela tromba e despeja-a na boca. Funcionando também como um longo braço, é pela tromba que o elefante coleta galhos e folhas. Os elefantes também usam a tromba para fazer carinho, para bloquear algo em caso de uma briga e até para emitir sons.
Uma estrutura anatômica particular
Os cachorros apresentam uma estrutura anatômica no nariz bastante particular e que não é encontrada nos humanos e demais primatas. O olfato desses animais é cem vezes mais sensível do que o dos humanos e pode detectar calor corporal de seres vivos, o que faz com que, mesmo sem enxergar bem, esses animais possam caçar (Redação, National Geographic Brasil, 2023).
Inspira e Expira
Reúna as crianças em roda nesta atividade voltada para perceber o próprio corpo. Inicialmente, converse com elas para que todas percebam onde está o próprio nariz com perguntas como:
• Vocês sabem onde está seu próprio nariz?
• Podem tocar e sentir um pouco como ele é. Alguém percebeu alguma coisa que gostaria de compartilhar?
Você pode ajudá-las nesta descrição, comentando que é uma parte do corpo que fica perto dos olhos, um pouco para fora do rosto, que tem dois buraquinhos. As questões irão ajudar as crianças menores a conhecer essa parte do corpo e sentir um pouco melhor como ela é.
Em seguida, sugira que as crianças façam o movimento de inspirar, puxando o ar para dentro. E depois, de expirar, jogando o ar para fora.
• Será que conseguimos puxar o ar para dentro do nosso corpo com o nariz? Vamos tentar?
• O que acontece quando fazemos isso?
• E será que conseguimos jogar o ar para fora?
• O que acontece no nosso corpo quando expiramos, isto é, esvaziamos o ar do nosso corpo colo-cando-o para fora?
Essas questões irão proporcionar às crianças a percepção dos movimentos de inspiração e expiração, os quais realizamos ao respirar todos os dias. Você pode conversar com elas sobre isso, comentando que é algo que fazemos sem pensar e naturalmente. É provável que, conforme você vá fazendo as perguntas, as crianças já façam tentativas com o nariz, buscando na prática as respostas às suas indagações.
Escute as respostas das crianças e suas percepções sobre seu corpo. É possível que elas falem sobre a barriga, que se enche quando inspiramos, ou do ventinho que sentimos no nariz quando expiramos.
Glossário
Em português, a palavra “inspiração” pode ter significados diferentes: ins-pi-ra-ção
1. Ação ou efeito de inspirar.
2. Entrada de ar nos pulmões.
3. Força criadora de origem transcendente e sobrenatural que trazia conselhos e ideias aos humanos; iluminação.
4. Influência exercida sobre a vontade de outra pessoa; conselho, sugestão: Resolveu ser médico por inspiração de seu pai, cirurgião famoso.
5. Iluminação súbita e geralmente genial, que tem efeito animador e estimulador da criatividade do artista; clarão, lampejo: “Foi nas saudades da terra natal que ele achou inspiração para o seu canto” (MAA).
6. Coisa ou pessoa que inspira; musa: “Na literatura atual a rua é a inspiração dos grandes artistas […] Não há um escritor moderno que não tenha cantado a rua” (JR).
(Michaelis Online, 2025)
Você pode também criar um momento para que as crianças conheçam alguns cheiros, explorando assim as potencialidades de seu próprio nariz. Indicamos que você pegue algumas ervas, como hortelã e manjericão. É possível adaptar esta atividade conforme a disponibilidade de flores, ervas e essências a que tenha acesso.
Em um pote pequeno, coloque algumas ervas amassadas para que soltem seu cheiro. Em roda, com a turma, vá passando esses potes de forma que todos possam conhecer os aromas. Primeiro passe uma erva e em seguida a outra, para que as crianças possam diferenciá-las. Informe também o nome de cada uma delas. Ao final da atividade, você pode perguntar:
• Vocês já tinham sentido algum desses cheiros antes?
• De qual deles vocês mais gostaram?
A partir dessas perguntas, as crianças poderão acessar memórias ou criar novas experiências em relação ao olfato, descobrindo algo mais sobre o que podem fazer com seu nariz. Tudo isso, depois de terem conhecido essa mesma parte do corpo em diferentes animais, explorando suas particularidades.
Para saber mais
Você sabia que os óleos essenciais têm propriedades curativas que podem ser acessadas pela aromaterapia? No pequeno artigo do Sebrae intitulado Óleos essenciais e beleza: propriedades curativas e versatilidade, podemos conhecer mais sobre as propriedades de óleos facilmente encontrados.
“São inúmeros os óleos essenciais disponíveis no mercado hoje, mas sua utilização é milenar. Alguns óleos são apreciados pelo seu aroma, enquanto outros proporcionam tratamentos curativos para dores crônicas, ansiedade, insônia, depressão etc. Na indústria, eles são usados na fabricação de cosméticos e produtos de limpeza” (Sebrae, 2023).
Compartilhando saberes e cheiros
Para finalizar as vivências e os aprendizados sobre os diferentes tipos de nariz e suas características e potencialidades, sugerimos que você organize com as crianças um momento para os familiares poderem compartilhar essas descobertas olfativas.
Escolha junto com elas quais cheiros são os preferidos. Organize os recipientes de forma que as ervas e essências escolhidas pela turma possam ser oferecidas aos visitantes. Convide a comunidade para participar dessa experiência em que todos devem, assim como os bebês e as crianças fizeram, sentir os cheiros, tentar adivinhá-los e associá-los com sensações e memórias.
Dos estudantes
Brincadeiras e a exploração das crianças com uma lupa ou lente de aumento podem aprofundar as percepções sobre perspectivas, que também são trabalhadas pelo livro. Você pode produzir uma lupa com as crianças utilizando alguns tutoriais localizados na internet, como o que apresentamos no link a seguir.
Disponível em: https://linkja.net/como-fazer-lupa-com-papelao-YouTube.
Dos professores
Neste conjunto de cinco aulas elaboradas pela Revista Nova Escola, a proposta é cultivar um jardim de chás e, a partir dele, estimular o tato, o olhar, o olfato, os sabores e a escuta dos bebês e das crianças pequenas. A seguir, compartilhamos o material que aborda especificamente o olfato.
Disponível em: https://linkja.net/plano-de-aula-jardim-de-chas-NovaEscola.
Clique para imprimir o seu roteiro de leitura:
Referências
FLÁVIA LUCIANA. Como fazer lupa com papelão – Xô dengue. Flávia Luciana, 20 nov. 2020. 1 vídeo (1 min).
Disponível em: https://linkja.net/como-fazer-lupa-com-papelao-YouTube. Acesso em: 6 abr. 2025.
INSPIRAÇÃO. In: MICHAELIS. Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa. Editora Melhoramentos, 2025.
Disponível em: https://linkja.net/inspiracao-Michaelis. Acesso em: 19 mar. 2025.
REDAÇÃO, National Geographic Brasil. As curiosidades surpreendentes por trás do olfato dos cachorros. National Geographic. Brasil, 2023. Disponível em: https://linkja.net/curiosidades-olfato-cachorros. Acesso em: 19 mar. 2025.
REDAÇÃO, National Geographic Brasil. Qual é a função da tromba do elefante? Confira essa e outras curiosidades. National Geographic. Brasil, 2023.
Disponível em: https://linkja.net/funcao-tromba-elefante. Acesso em: 19 mar. 2025.
SEBRAE. Óleos essenciais e beleza: propriedades curativas e versatilidade. Sebrae, 2023.
Disponível em: https://linkja.net/oleos-essenciais-Sebrae. Acesso em: 5 mar. 2025.
SILVA, Bruna Bonfá Terra da. Plano de aula: O jardim de chás: bebês sensibilizando o olfato. Associação Nova Escola.
Disponível em: https://linkja.net/plano-de-aula-jardim-de-chas-NovaEscola. Acesso em: 6 abr. 2025.
