A obra Coisas para lembrar conta que nossa história é feita das memórias que construímos todos os dias. Por esse motivo, uma coruja muito sensível acredita que deve guardar cada objeto que encontra para não se esquecer de nada, criando, assim, um “problemão” para si mesma. Mas a amizade generosa trará uma linda solução.
Guardar memórias e criar lembranças são atividades essenciais para o desenvolvimento de todos nós. Boas lembranças podem ajudar a atravessar momentos difíceis de maneira mais leve, enquanto as memórias preservadas consolidam nossa história individual e coletiva. Nesse sentido, este roteiro propõe sugestões que valorizam a lembrança dos afetos: começa com a partilha dos relatos de memória dos estudantes; avança para a materialização dessas memórias por meio do trabalho com argila, e culmina em momentos de partilha ao preparar uma refeição com seus colegas do dia a dia e ao desfrutar dela.
Mostrar-se interessado e envolvido pela leitura de livros de literatura e por outras produções culturais do campo e receptivo a textos que rompam com seu universo de expectativas, que representem um desafio em relação às suas possibilidades atuais e suas experiências anteriores de leitura, apoiando-se nas marcas linguísticas, em seu conhecimento sobre os gêneros e a temática e nas orientações dadas pelo professor."
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Professor, sugerimos que, para se preparar para discussões sobre memória, você aprecie a música Minha vida, de Rita Lee. Assim, além de estimular os sentidos para explorar o tema, o roteiro pode inspirar a reflexão sobre os próximos passos da leitura: como e quais memórias queremos preservar.
Também buscamos incentivar uma reflexão sobre as diferenças entre memória e lembrança, categorias que, muitas vezes, parecem a mesma coisa, mas têm nuances importantes.
Glossário
me-mó-ri-a
Capacidade de armazenar e recuperar informações obtidas por meio de experiências vividas ou ouvidas.
lem-bran-ça
1. Ato ou efeito de lembrar(-se);
2. Aquilo que fica registrado na memória como resultado de experiências vividas; recordação.
Para iniciar a leitura e as discussões sobre memória, recomendamos que você organize um espaço para que os alunos possam disputar uma partida de um jogo da memória. Serão necessários vários conjuntos de cartas e mesas, caso essa atividade seja realizada em grupos pequenos, ou apenas um grupo com peças bem grandes (como em painel), se o jogo for disputado pela turma inteira. Nesse caso, é possível, também, projetar as peças com o auxílio de um computador.
Mais do que uma brincadeira, esse jogo ajuda a desenvolver a concentração e o raciocínio lógico, além de estimular a memória de curto prazo, o que contribui para o fortalecimento da memória de longo prazo. Ou seja, é uma excelente oportunidade para os estudantes refletirem sobre como a memória se forma e sobre como ela se relaciona com as lembranças.
Após a atividade inicial, que já envolve o ato de se lembrar, convide os alunos a compartilhar uma lembrança significativa, como o primeiro dia de escola, uma viagem ou um passeio especial. Dessa forma, eles poderão compreender a relação entre lembrança e memória. Receba cada relato com comentários e agradecimentos, valorizando as histórias compartilhadas.
Apresente a capa e o título da obra e pergunte o seguinte:
• O que acham que seriam “coisas para lembrar”?
As crianças podem responder que há itens variados, como páginas de um gibi e um guarda-sol, mas também podem perceber que alguns objetos são parecidos, como uma mala, uma bolsa e uma sacola. Em seguida, pergunte-lhes sobre o estado desses objetos:
• Será que estão inteiros ou estão rasgados, talvez quebrados?
É provável que observem que muitos estão em pedaços, como as folhas do gibi. Se disserem que se parecem com coisas velhas, aproveite para desfazer a associação entre velhice e desgaste, lembrando-os de que um objeto novo pode se quebrar, e que coisas antigas podem se conservar em ótimo estado por muito tempo. Pergunte também sobre o estado de espírito da coruja:
• Como será que ela está se sentindo?
Eles provavelmente dirão que está triste ou cansada. Em seguida, questione se os objetos que a coruja guarda são itens normalmente usados para nos ajudar a nos lembrar, como agendas ou blocos de notas. A resposta mais provável será “não”, e esse é um bom momento para conversar sobre como objetos aparentemente sem valor podem, para alguém, conter histórias e afetos significativos.
Mostrar-se interessado e envolvido pela leitura de livros de literatura e por outras produções culturais do campo e receptivo a textos que rompam com seu universo de expectativas, que representem um desafio em relação às suas possibilidades atuais e suas experiências anteriores de leitura, apoiando-se nas marcas linguísticas, em seu conhecimento sobre os gêneros e a temática e nas orientações dadas pelo professor."
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A diferença entre guardar e acumular é sutil, mas essencial, especialmente em uma época em que o consumo é uma força tão presente em nossa sociedade. Guardar é cuidar, proteger e conservar algo que tem valor, seja esse objeto emocional ou funcional; enquanto acumular se refere ao ato de amontoar objetos sem critério ou propósito claro, frequentemente deixando-os se deteriorar ou ocupar espaço sem utilidade. Para despertar tal reflexão, pergunte aos estudantes o seguinte:
Dica
Professor, sugerimos que utilize a leitura compartilhada, já que essa modalidade aponta para o desenvolvimento da fala e do pensamento criativo dos estudantes, além de permitir pausas para perguntas, reflexão e conversas de forma mais orgânica.
• Qual é a diferença entre guardar e acumular?
Glossário
guar-dar
1. Colocar em lugar apropriado e seguro; acondicionar;
2. Manter (algo deteriorável) em bom estado; conservar, preservar;
3. Gravar na memória; lembrar, reter;
4. Não perder a posse de, continuar a ter; conservar, manter.
a-cu-mu-lar
1. Pôr em cúmulo; amontoar, coacervar, juntar;
2. Amontoar riquezas;
3. Abarrotar-se ou encher-se de algo.
• Em que imagem a coruja guarda e em qual acumula?
• E as memórias, você acha que a coruja as guarda ou as acumula?
Acolha as respostas e comentários. As memórias são parte fundamental da vida, porém nem todas precisam ou devem ser, guardadas, para que tudo não vire uma bagunça. É o que diz o esquilo em uma passagem da história:
Professor, uma pausa neste trecho da leitura pode ser enriquecedora para refletir sobre a importância de liberar memórias que talvez não sejam positivas ou que estejam “quebradas” e desgastadas.
Além disso, destaque que organizar memórias ajuda a contar a história de uma pessoa ou grupo com mais precisão e riqueza de detalhes. Como em um álbum de fotos ou museu, cada lembrança ocupa um lugar especial e significativo, assim como a coruja, que organizou suas coisas em um museu de memórias afetivas, permitindo que suas histórias fossem valorizadas e compartilhadas de forma única.
Para saber mais
“Um museu é uma instituição permanente, sem fins lucrativos e ao serviço da sociedade que pesquisa, coleciona, conserva, interpreta e expõe o patrimônio material e imaterial. Abertos ao público, acessíveis e inclusivos, os museus fomentam a diversidade e a sustentabilidade. Com a participação das comunidades, os museus funcionam e comunicam de forma ética e profissional, proporcionando experiências diversas para educação, fruição, reflexão e partilha de conhecimentos”.
Definição aprovada em 24 de agosto de 2022 durante a Conferência Geral do ICOM, em Praga.
Mostrar-se interessado e envolvido pela leitura de livros de literatura e por outras produções culturais do campo e receptivo a textos que rompam com seu universo de expectativas, que representem um desafio em relação às suas possibilidades atuais e suas experiências anteriores de leitura, apoiando-se nas marcas linguísticas, em seu conhecimento sobre os gêneros e a temática e nas orientações dadas pelo professor."
Observar e descrever mudanças em diferentes materiais, resultantes
de ações sobre eles, em experimentos envolvendo fenômenos naturais e artificiais.
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Para este momento de diálogo e acolhimento, em roda, proponha uma discussão sobre as informações trazidas pelo esquilo:
• Vocês sabem o que é uma coleção?
• Vocês têm ou conhecem alguém que tem uma
coleção? De que ela é?
• O que vocês acham que é um museu? Já visitaram um?
• Você imagina por que, entre todos os animais da história, o esquilo foi o escolhido para cuidar da construção do museu? Ele teria qualidades especiais para isso?
Você pode acolher as ideias que surgirem, destacando as coleções mencionadas pelos estudantes e relacionando-as ao conceito de memória e preservação, como acontece com a coruja e o museu que ela criou. Em relação ao esquilo, incentive os alunos a refletir sobre suas qualidades e sobre como elas podem ter sido decisivas para ele ser escolhido para cuidar do museu. Este momento de escuta é fundamental, pois permite que cada estudante compartilhe sua visão e se sinta valorizado nas suas ideias, enquanto você também contribui com suas próprias observações e perspectivas.
ATIVIDADES
Relatando afetos e histórias
Professor, o relato de memória é um gênero literário no qual o narrador compartilha lembranças de si ou de um grupo de pessoas, ou seja, é uma forma de contar memórias afetivas. Nesse tipo de narrativa, o foco não está nos fatos históricos, mas sim nas lembranças que um evento deixou. Para aplicar esse conceito, escolha um evento que tenha ocorrido na escola e, em roda, convide os estudantes a compartilhar o que lembram desse dia. Em seguida, peça para que eles “desenhem” a lembrança, e criem, de forma espontânea, um título para esse desenho. Ao final, organize os desenhos em um painel e exponha-os para toda a escola.
Lembranças no barro
Uma parte importante dos museus é a estatuária, que é uma coleção de peças, grandes ou pequenas, criadas com materiais variados. Com base nessa ideia, proponha que cada criança crie, utilizando argila ou massinha para modelar, uma estátua para integrar o museu da coruja. Dessa maneira, cada estudante deixará uma “coisa para lembrar”. Para desenvolver a atividade, ofereça um local confortável e seguro, permitindo que os estudantes experimentem livremente o material, sem a preocupação com erros ou com a busca pela perfeição. Antes de começarem a modelar, promova um momento de exploração sensorial em que as crianças possam tocar, cheirar e comparar as cores e texturas da argila. Ao final da atividade, oriente-os a deixar suas peças secando em um local adequado. Aproveite esse momento para criar um contador de dias com a turma e, quando as peças estiverem secas, organize-as para uma visitação ao museu da coruja.
Glossário
es-ta-tu-á-ri-a
Arte de fazer estátuas.
Para saber mais
Para formar repertório artístico na arte estatutária, conheça trabalhos do Vale do Jequitinhonha.
Disponível em: https://linkja.net/ArtesanatoBarroJequitinhonha
Alimentando memórias
Pergunte aos estudantes se, além das fotografias, relatos de memória e da estatuária, os alimentos também podem ser utilizados para compartilhar memórias afetivas. Escute-os e diga, então, que o paladar é um significativo disparador de memórias. Já na infância, nos lembramos de comidas que marcaram momentos especiais. Pensando nisso, convide os estudantes a selecionar com a família uma receita de que gostam e, a partir dela, gravar (ou irem até a escola contar) a história que faz daquele alimento algo especial. Se possível, peça para que o estudante leve o prato para ser compartilhado com os colegas. Reforce que pode ser uma receita bem simples, como um suco ou um leite com chocolate.
Dos estudantes
Para continuar pensando sobre a memória, indicamos que você exiba aos alunos o filme Viva: a vida é uma festa, dando destaque para a música “Lembre de mim”. Ele está disponível no Disney+ e seu trailer pode ser assistido em https://linkja.net/AVidaEUmaFesta
Dos professores
Professor, para uma reflexão e aprofundamento acerca da memória, lembrança, do esquecimento, da leitura e da literatura, sugerimos que você assista à animação japonesa Memórias de ontem e leia a matéria Avós que povoam memórias afetivas em 3 livros infantis, do portal Lunetas.
O trailer da animação está disponível em: https://linkja.net/MemoriasDeOntem
A reportagem está disponível em: https://linkja.net/AvosMemoriasLivrosInfantis
Referências
IEPHA, Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais. Artesanato em barro do Vale do Jequitinhonha. Iepha, [S. l.], 20 dez. 2018. Disponível em: https://linkja.net/ArtesanatoBarroJequitinhonha. Acesso em: 30 out. 2024.
ICOM, International Council of Museums Brasil. Nova definição de museu. ICOM, [S. l.], 24 ago. 2022. Disponível em: https://linkja.net/DefinicaoMuseu. Acesso em: 30 out. 2024.
MICHAELIS, Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa. Acumular. In: MICHAELIS, Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa: Melhoramentos, 2016. Disponível em: https://linkja.net/DefinicaoAcumular. Acesso em: 13 nov. 2024.
MICHAELIS, Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa. Estatuária. In: MICHAELIS, Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa: Melhoramentos, 2016. Disponível em: https://linkja.net/DefinicaoEstatuaria. Acesso em: 13 nov. 2024.
MICHAELIS, Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa. Guardar. In: MICHAELIS, Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa: Melhoramentos, 2016. Disponível em: https://linkja.net/DefinicaoGuardar. Acesso em: 30 out. 2024.
MICHAELIS, Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa. Lembrança. In: MICHAELIS, Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa: Melhoramentos, 2016. Disponível em: https://linkja.net/DefinicaoLembranca. Acesso em: 30 out. 2024.
MICHAELIS, Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa. Memória. In: MICHAELIS, Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa: Melhoramentos, 2016. https://linkja.net/DefinicaoMemoria. Acesso em: 30 out. 2024.
MINHA Vida. Intérprete: Rita Lee. YouTube: [s. n.], 2001. Disponível em: https://linkja.net/RitaLeeMinhaVida.
Acesso em: 13 nov. 2024.
ROSSI, Renata. Avós que povoam as memórias afetivas em 3 livros infantis. Lunetas, [S. l.], 25 jul. 2024.
Disponível em: https://linkja.net/AvosMemoriasLivrosInfantis. Acesso em: 30 out. 2024.