Na sala de aula

ROTEIRO DE LEITURA

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capa as coisas de que mais gosto

As coisas de que mais gosto

Sepideh Sarihi
Julie Völk
Tradução: Hedi Gnädinger
Gênero: Livro ilustrado
Idade: 7 anos
Segmento: Ensino Fundamental - Anos Iniciais
Tema: Direitos humanos

Em As coisas de que mais gosto acompanhamos uma jovem com sua pequena mala e um enorme coração: ao receber de seus pais a notícia de que se mudariam de país, a criança percebe que não poderia levar consigo todos os seus afetos cotidianos: todas as pessoas e cenários que coloriam sua vida. De forma extremamente sensível, somos convidados a refletir sobre memórias, saudades, mas, principalmente, sobre resiliência.

Neste roteiro, você encontrará caminhos de reflexão, aprofundamentos e sugestões de atividades que abordarão os temas de adaptação, memória e valorização do tempo.

Antes da leitura

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Para a preparação de leitura, sugerimos a ativação de algumas memórias afetivas das crianças a partir de uma roda de conversa em ambiente externo, como em um jardim ou à sombra de uma árvore. Procure questionar de forma breve os alunos sobre seus lugares favoritos, memórias divertidas e as pessoas com quem compartilharam esses momentos.

Tendo em mente que a obra trata de questões relacionadas à emigração, à memória e à resiliência (termos que podem não ser comuns aos estudantes), para familiarização com o tema, sugerimos as seguintes questões:

• Você conhece alguém que foi morar em outro país?

• Quais podem ser as razões que levam alguém a ir para longe?

Outra sugestão é apresentar o significado desses termos, como no glossário a seguir:

Glossário

e-mi-gra-ção
1.
Ato ou efeito de emigrar.
2. Saída voluntária da pátria, temporária ou não, para se estabelecer em outro país.
3. Saída de pessoas de uma região, de um país, etc. para viver em outro lugar.

Glossário

re-si-li-ên-ci-a
1.
Elasticidade que faz com que certos corpos deformados voltem à sua forma original.
2. Capacidade de rápida adaptação ou recuperação.
3. Na Psicologia, “resiliência” significa resistência ao choque, à adversidade.

Complemente a familiarização falando acerca da diferença de climas, de idiomas e de por exemplo, e conclua com este questionamento:  

• Quais seriam as dificuldades de morar em outro país? E o que poderia haver de legal nisso?

Para concluir essa etapa, incentive os alunos a compartilharem suas respostas e reflexões, promovendo um espaço de troca em que cada ideia é valorizada. Reforce que essas diferenças culturais, ainda que desafiadoras, também podem ser oportunidades de aprendizado e descoberta. 

Para a familiarização com a obra, sugerimos a leitura inicial de seu título e uma condução da relação entre ele e a ilustração da capa em si. Para tanto, sugerimos perguntas inferenciais como: 

• Quem você acha que está na ilustração da capa? Onde ela está?

• A personagem está com uma malinha nas mãos. O que tem dentro dela?

• Quem você acha que são essas pessoas guardadas? Por que elas estão ali?

Acolhidas as respostas iniciais às perguntas, permita que os estudantes também explorem a quarta capa do livro, que, por si só, traz dois questionamentos muito efetivos do ponto de vista de criação de expectativa de leitura. 

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Durante a leitura

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Para a mediação de leitura, indicamos uma apreciação individual dos alunos e, posteriormente, a leitura pelo professor, atentando-se aos detalhes da ilustração, principalmente em relação às perspectivas da protagonista.

Entre muitas potencialidades de leitura que As coisas de que mais gosto carrega, sem dúvida a memória afetiva e a resiliência em compreender a mudança e se adaptar a ela ficam mais evidentes. Assim, sugerimos que o texto verbal e as ilustrações estejam profundamente relacionados na percepção da narrativa. Para isso, professor, direcione o olhar dos estudantes para os detalhes iniciais do livro, em que um ambiente familiar, cotidiano e afetivo é criado.
Na primeira ilustração, destaque os quadros na parede, com desenhos da me-nina, bem como a centralização dos objetos que lhe são caros, a expressão dos pais ao olhar a filha e os brinquedos espalhados. Faça questionamentos como:

• Você tem um lugar preferido na sua casa? Por que gosta dele?

• Onde você passa mais tempo com sua família? O que gostam de fazer quando estão lá?

roteiro as coisas de que mais gosto 02

Verifique, professor, se os estudantes compreendem e valorizam as memórias afetivas, criando paralelos entre a situação narrada e suas próprias vivências.
Outros momentos do livro também proporcionam essa percepção, como o relacionamento da garotinha com o mar e a importância de sua permanência no cotidiano, em meio a tantas mudanças.

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Não deixe de destacar, também, as memórias que nossa protagonista tem das pessoas e as razões pelas quais tão especiais, como sua relação com a amiga, que a escuta sempre, e com o motorista do ônibus da escola, que canta no percurso.

Incentive as crianças a perceberem nos colegas qualidades e comportamentos de que gostam, como dividir brinquedos, contar piadas, fazer desenhos bonitos, etc.

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Após a leitura

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Enquanto estratégia para a mediação do diálogo e o acolhimento, sugerimos que algumas perguntas sejam retomadas e complementadas, verificando se as hipóteses iniciais foram confirmadas, e a essência da narra-tiva, compreendida. Para isso:

• Você acha que a garotinha conseguiu se adaptar bem? Como percebeu isso?

• O que ela pode fazer para matar as saudades das coisas de que mais gostava em sua antiga cidade?

• O que você levaria se tivesse de viajar para longe por algum tempo? Do que sentiria mais falta?• Se quiséssemos contar essa história para um grupo de amigos e amigas sem ter lido o livro, como poderíamos fazer isso?

• Se vocês quisessem ser um dos personagens, quais seriam?

• Como poderíamos imitar a girafa? E o ouriço?

Como no livro, oriente que os estudantes não fiquem limitados aos objetos. 

ATIVIDADES

Relato de viagem: de olhos abertos para o novo

Nesta atividade, indicamos um trabalho voltado à produção escrita e aos aspectos formais do livro lido. Para isso, sugerimos uma exploração do gênero “relato de viagem” sob a máscara da protagonista. Professor, oriente que os estudantes imaginem que estão no lugar da personagem, chegando em uma nova cidade. De forma oral, com um escriba, ou individualmente, de acordo com a proficiência da turma, relate as primeiras impressões, detalhes que chamaram atenção, as expectativas etc. Essa atividade também permite o exercício de reescrita a partir de devolutivas posteriores do professor.

As coisas de que mais gosto: o que eu levaria na minha mala?

Professor, para uma atividade artística relacionada à obra, sugerimos a impressão de uma mala (referência ao lado) na qual os estudantes colarão ilustrações ou recortes que representem objetos, pessoas e memórias que guardariam consigo. 

O segundo momento dessa atividade consiste em uma roda de conversa, para que as crianças expliquem aos colegas os itens que decidiram guardar em suas respectivas malas e valorizem seus afetos coletivamente. 

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Como mensagens em garrafas: cartas para as pessoas de que mais gosto

Com o objetivo de valorizar as memórias afetivas e as adaptações que o próprio processo de crescimento requer, sugerimos uma atividade de escrita afetiva que envolve o diálogo com familiares e demais afetos da convivência dos estudantes. Sugerimos que você oriente as crianças a pensar em uma memória de que gostem muito, com alguém especial e, em formato de carta, escrevam para essa pessoa o registro que guardam desse dia. Incentive não só a descrição do evento em si, mas também o que fez com que guardassem esse momento. Questione-os como se sentiram no evento e os motivos pelos quais ele é tão especial. No caso de turmas em que a habilidade de escrita ainda não estiver consolidada, o professor pode ser o escriba, e as crianças podem ilustrar a carta.

Enquanto resultado do projeto, as cartas podem ser guardadas em garrafas (ou decoradas) e presenteadas em um momento da família na escola, por exemplo. 

Para ampliar o repertório

Dos estudantes

Para uma perspectiva positiva das trocas culturais entre pessoas que saem de seus países de origem, sugeri-mos o curta Laços de Amizade – da Mauricio de Sousa Produções –, disponível gratuitamente no YouTube em:

https://linkja.net/LacosAmizade

Dos professores

Para seu aprofundamento no tema, professor, sugerimos a obra Conversas de refugiados, de Bertolt Brecht.
O livro trata de um tema de urgente atualidade: a condição nômade, cheia de incertezas, de pessoas que preci-sam deixar para trás tudo o que têm devido a guerras ou à perseguição política.

Referências

RECHT, Bertolt. Conversas de refugiados. 1. ed. São Paulo: Editora 34, 2017.

IMIGRAÇÃO/RESILIÊNCIA. Definição contextualizada. Enciclopédia de Significados, 2024. Disponível em: https://linkja.net/EnciclopediaSignificados. Acesso em: 08 out.2024.

SOUSA, Mauricio de. Laços de Amizade. Curta-metragem, 2017.
Disponível em: https://linkja.net/LacosAmizade. Acesso em: 08 out.2024

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