Alegria a cada passo narra um passeio de três crianças com muita energia. Encantados com um mundo cheio de cores, texturas e sons, os pequenos fazem paradas ao longo do caminho, aproveitando tudo, mesmo com as insistentes solicitações de Mirna em relação aos horários de funcionamento do parque. Com muita leveza, a história lembra adultos e crianças da importância de aproveitar as oportunidades de alegria do caminho, e não apenas da chegada em si.
Este roteiro de leitura traz sugestões de atividades e reflexões sobre a obra para crianças a partir de sete anos, explorando toda a sua imaginação e criatividade.
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Para a familiarização com os temas, organize um momento de diá logo com as crianças, explorando suas interações com ambientes externos e o tipo de supervisão que acabam tendo nesses momentos — assemelhando-se à história que lerão. Para isso, sugerimos as seguintes questões:
• Como você vem até a escola?
• Quem o acompanha no caminho até a escola?
• Você geralmente sai com calma e faz paradas ao longo do caminho, ou o tempo precisa ser poupado?
• O que você mais gosta de fazer enquanto está vindo para a escola?
Dica
Para a preparação do ambiente de leitura, sugerimos a escolha de um espaço externo, de diferentes estímulos às crianças, como um jardim, a fim de explorar as temáticas do livro em si.
É possível que as crianças citem os pais, avós, irmãos mais velhos ou demais responsáveis pela tarefa de conduzi-las. Após ouvi-las, estimule que as experiências sejam detalhadas, ainda que não sejam diárias. Pergunte sobre hábitos que têm, se param para comprar algo (na ida ou na volta) e acolha os momentos afetivos que resultam das questões. É evidente que as respostas podem variar conforme os contextos de habitação dos alunos. Assim, crie um ambiente de acolhida e respeito, sendo diretivo em relação à troca afetiva e imaginativa da conversa.
Para a familiarização com a obra, promova a leitura inferencial, atentando-se ao início de interpretação dos estudantes, antecipando suas expectativas e hipóteses sobre o livro. Para isso, mostre a eles a capa e leia o título, Alegria a cada passo. A seguir, sugerimos questionamentos como:
• Onde os personagens parecem estar?
• Por que vocês acham que o livro tem esse nome?
• Eles estão indo para algum lugar, ou já estão em seu destino final? Por que você acha isso?
É esperado que os estudantes percebam as expressões em correlação ao título do livro (“alegria”, “entusiasmo”, “excitação”, etc.); e também é possível esperar que os alunos deduzam que as crianças estejam posicionadas em seu destino final (mesmo que um caminho ganhe destaque na ilustração). Nesse sentido, explore como a trajetória pode ser apreciada e que todo um passeio ou tarefa externa sejam uma grande oportunidade de diversão e aprendizado.
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A música das palavras
Desde a primeira leitura, procure dar ênfase ao aspecto melodioso que as rimas proporcionam à narrativa de Alegria a cada passo, buscando fazer com que as crianças compreendam a identidade sonora que caracteriza esse recurso estilístico, como na frase de abertura do livro: “O parque nos espera./ logo, logo vai fechar, então, depressa. Acelera!”. Também é váli-do que a explicação do que é a rima seja feita, demonstrando isso em palavras isoladas e, depois, sendo percebida ao longo da história, em meio às frases. Peça às crianças que repitam as terminações de palavras rimadas e exemplifiquem o recurso com sua própria criatividade.
Dica
O livro Alegria a cada passo é estruturado a partir de rimas em vários trechos de seu desenvolvimento. Assim, indicamos que a leitura dessa obra seja feita em voz alta, inicialmente, destacando o ritmo e cadência que o texto rimado proporciona, assemelhando-se, por exemplo, às cantigas de roda.
As vozes das cores
Ao longo de toda a narrativa, as cores são muito significativas e contrastantes ao nos debruçarmos nas ilustrações. Busque chamar a atenção dos estudantes em relação às diferenças de tonalidade com as quais a artista ilustradora trabalha, que se caracteriza por tons mais frios nos momentos de realidade e absolutamente vibrantes nos momentos em que a imaginação dos pequenos personagens está em ação.
Atentar-se à transformação das cores em forma de progressão ao longo da arte.
Convivendo com as diferenças
É possível que as crianças percebam um detalhe ilustrado a partir de muito cuidado e sensibilidade, interessando-se por ele: o implante co-clear (dispositivo auditivo) que uma das pequenas personagens utiliza. Explore aspectos de igualdade e respeito, destacando como ele busca fornecer uma diversão igualitária às amigas, bem como apreciar os sons e os demais estímulos externos. Muitas vezes, as crianças são condicionadas a desenhar alguns elementos (como casas e árvores) apenas de uma maneira. Neste livro, é possível encontrar uma diversidade de imagens, que podem auxiliar a turma a expandir suas possibilidades de leitura. Veja, a seguir, dois exemplos.
Para saber mais
Para saber como funciona o dispositivo, a breve animação didática a seguir é uma valiosa ferramenta.
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Após a leitura do livro, recrie um ambiente de diálogo acolhedor. Esse momento é de escuta e percepção em relação aos pontos que mais chamaram a atenção dos pequenos leitores. Algumas questões, como as sugeridas a seguir, contribuem nas diretivas desse olhar:
• Como era o caminho das crianças até o parque?
• Como elas se divertiram?
• Elas ficaram tristes com o fato de terem chegado depois do horário de fechamento? Por quê?
É esperado que as crianças percebam o poder da imaginação nesse caso, uma vez que, naturalmente, de acordo com sua idade, brinquem dessa forma. Busque explorar as semelhanças na abordagem desses estímulos, relembrando momentos em sala ou colhendo narrativas de demais percursos que elas tenham feito.
Aproveite, também, a oportunidade de reflexão para questionar se, quando estão em atividades passivas, como assistindo a vídeos ou se divertindo com jogos, a imaginação voa tão livremente.
Nessa idade, é comum que algumas atividades sejam feitas apenas a partir de direcionamentos por parte dos adultos em cada ambiente. Nesse sentido, busque compreender se a leitura da obra exercitou a imaginação das crianças, estendendo esse entendimento aos estudantes. Para isso, leia parte da obra sem mostrar as ilustrações para eles e questione como imaginam as cenas. Fechar esse momento destacando como a leitura é um exercício rico e imaginativo reforça a formação dos pequenos estudantes enquanto futuros leitores autônomos.
ATIVIDADES
As riquezas do caminho
Ao final da história, Mirna percebe que não aproveitou todo o caminho como uma diversão, mas ganha uma ótima reflexão quando as crianças contam que se divertiram muito em grandes aventuras imaginadas. Professor, sugira às crianças que descrevam a volta de Mirna para casa, divertindo-se com seus pequenos companheiros de percurso.
Essa atividade pode ser registrada por um escriba ou feita em roda, valorizando as identidades sonoras. Enquanto norteamento, oriente os estudantes a pensar o seguinte: “O que ela encontrou?”, “como a imaginação entrou em ação?”. A quantidade de descobertas de Mirna pode variar conforme a proficiência escrita da turma.
Meu caminho ilustrado
Utilizando os materiais de desenho e pintura disponíveis, oriente os alunos a escolher um elemento que faça parte do percurso que fazem de casa até a escola e que chame a atenção deles, suscitando sua imaginação: pode ser um prédio, uma árvore, uma casa, etc. Relembre com eles a conexão com as cores com a qual a história lida e trabalha e explore a possibilidade de contrastes entre a representação do imaginado e da realidade por parte dos estudantes.
Dica
A folha ou cartolina pode ter como título o seguinte: “Parece (elemento escolhido), mas, para mim, é…” (elemento imaginado).
Em meus caminhos, passos e versinhos
Com a ajuda dos pais e demais adultos que acompanham os estudantes no trajeto até a escola, oriente as crianças a criar uma quadrinha. Para isso, valorize a rotina do caminho que elas fazem até a escola: a quadrinha pode ser ritmada, apresentando cantigas de roda como base, bem como podem ser inseridas no cotidiano afetivo da criança — elas podem cantá-la enquanto vão até a escola —, a fim de criar um laço significativo com a obra literária e com todos os elementos que compõem o percurso.
Grossário
qua-dri-nha
1. Pequena quadra.
2. Espécie de trova popular, cuja letra é formada por quatro versos, normalmente de sete sílabas cada um, muito usada para desafios e provérbios populares; quadra.
Dos estudantes
Sugerimos que os alunos assistam à composição da dupla Badulaque, que explica os mecanismos da quadrinha de forma lúdica e extremamente animada.
Dos professores
Imaginação e criatividade na infância, de Lev Semyonovich Vygotsky
Sugerimos a leitura de uma das principais obras de Lev Semyonovich Vygotsky, editada pela primeira vez em 1930. Nela, Vygotsky aborda o desenvolvimento e a natureza da imaginação artística nas crianças.
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Referências
BADULAQUE – Quadrinha. Direção: Duo Badulaque. Compositores: Julia Pittier e Daniel Ayres. YouTube: [s. n.], 2019. Disponível em: https://linkja.net/Quadrinha. Acesso em: 3 nov. 2024.
IMPLANTE coclear – como funciona um implante AB?. Produção: AB Brasil. YouTube: [s. n.], 2020.
Disponível em: https://linkja.net/ComoFuncionaImplanteCoclear. Acesso em: 3 nov. 2024.
MICHAELIS. Quadrinha. In: MICHAELIS. Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa. [S. l.: s. n.], 2022.
Disponível em: https://linkja.net/SignificadoDeQuadrinha. Acesso em: 22 nov. 2024.
VYGOTSKY, Lev Semyonovich. Imaginação e criatividade na infância. Tradução: João Pedro Fróis. 1. ed.
São Paulo: WMF Martins Fontes, 2014. 128 p.
