A menina com quatro nomes celebra as diversas formas de maternidade e amor. Luna Alice Maria Vitória é cuidada e amada por quatro mães, e cada uma deixa sua marca em sua vida. Ao compartilhar sua história, a menina revela o significado de cada nome.
O livro destaca que o amor e o cuidado podem vir de várias formas, valorizando a diversidade familiar e oferecendo uma visão inclusiva sobre pertencimento, mostrando que o afeto vai além dos padrões tradicionais. Este roteiro de leitura traz atividades que estimulam a reflexão sobre família, respeito e diversidade. Trabalha, também, temas sensíveis como adoção e abrigo.
Mostrar-se interessado e envolvido pela leitura de livros de literatura e por outras produções culturais do campo e receptivo a textos que rompam com seu universo de expectativas, que representem um desafio em relação às suas possibilidades atuais e suas experiências anteriores de leitura, apoiando-se nas marcas linguísticas, em seu conhecimento sobre os gêneros e a temática e nas orientações dadas pelo professor."
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Para que o professor se aprofunde na temática do livro, é essencial compreender as diversas formas de constituição familiar. A criança pode fazer parte de sua família biológica, ser acolhida temporariamente por uma família acolhedora ou por uma instituição (referida no livro como “abrigo”), até que seja viabilizado seu retorno à família de origem ou feito o encaminhamento para adoção.
O livro fala sobre diferentes mães: “mãe-de-barriga”, “mãe-que-me-acolheu”, “mãe-tutora” e “mãe-do-cora-ção”. No Brasil, apesar da convivência familiar e comunitária ser um direito previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), dados de 2023 mostram que 32 mil crianças e adolescentes vivem em serviços de acolhi-mento no país, e apenas 4% delas estão em acolhimento familiar (Lunetas, 2023; G1, 2021).
As definições do quadro Para saber mais foram retiradas do glossário da Coalizão Família Acolhedora e podem enriquecer o repertório do professor antes de fazer a lei-tura e para possíveis discussões com os estudantes.
Para saber mais
Abrigo: local que acolhe até 20 crianças e adolescentes, com aspecto semelhante a uma residência e inserido na comunidade, com equipe técnica e educadores/cuidadores que se revezam em turnos de trabalho.
Acolhimento institucional: serviço que oferece um lugar temporário para crianças e adolescentes que precisam de proteção, até que possam voltar à família ou serem adotados.
Adoção: quando, por decisão da justiça, uma criança ou adolescente passa a ter os mesmos direitos de um filho biológico com uma nova família, rompendo os laços com a família de origem.
Família: grupo de pessoas unidas por laços de sangue ou de afeto, com deveres de cuidado entre si.
Família acolhedora: família selecionada que acolhe voluntariamente, de forma temporária, uma criança ou adolescente, oferecendo-lhe cuidado e proteção.
Família extensa: parentes próximos com quem a criança ou adolescente convive e mantém laços afetivos (como avós, tios, etc.).
Para a familiarização com o tema, faça uma roda de conversa trazendo perguntas sobre o conceito de família. Aqui estão alguns exemplos:
• Para vocês, o que é família?
• O que faz um grupo de pessoas ser uma família?
• Todas as famílias são iguais?
• Vocês conhecem famílias diferentes das suas?
As respostas das crianças sobre o conceito de família podem ser bem variadas. Algumas podem responder que família é “quem mora junto”, “quem cuida da gente”, ou “quem a gente ama”. Outras podem trazer respostas ligadas à composição familiar, dizendo, por exemplo, que família são os pais e irmãos, ou incluindo avós e outros parentes próximos.
Se uma criança responder algo como “família é quem a gente ama”, o professor pode valorizar essa resposta, enfatizando que, independentemente da forma, o afeto e o cuidado são o que unem os membros familiares. Caso uma criança comente sobre uma composição diferente, como uma família com dois pais ou uma avó como cuidadora principal, você pode aproveitar para explicar, de maneira acolhedora, que existem diversas constituições familiares e que todas merecem respeito e valorização.
Para familiarizar os estudantes com a obra, proponha uma reflexão sobre o título do livro, A menina com quatro nomes.
Faça as seguintes perguntas:
• Por que vocês acham que a menina tem quatro nomes?
• Como será que ela conseguiu esses nomes?
• Será que isso tem a ver com a família dela?
Essas perguntas podem gerar diferentes hipóteses sobre a origem dos nomes. As crianças podem refletir sobre como seus próprios nomes foram escolhidos. Você pode deixar essas questões em aberto para serem confirmadas ou esclarecidas durante a leitura, instigando a curiosidade dos estudantes para o que virá a seguir.
Mostrar-se interessado e envolvido pela leitura de livros de literatura e por outras produções culturais do campo e receptivo a textos que rompam com seu universo de expectativas, que representem um desafio em relação às suas possibilidades atuais e suas experiências anteriores de leitura, apoiando-se nas marcas linguísticas, em seu conhecimento sobre os gêneros e a temática e nas orientações dadas pelo professor."
Ler e compreender, em colaboração com os colegas e com a ajuda do professor e, mais tarde, de maneira autônoma, textos narrativos de maior porte como contos (populares, de fadas, acumulativos, de assombração etc.) e crônicas.
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Durante a leitura, existem algumas potencialidades que podem ser exploradas e questões a serem feitas aos estudantes para uma breve discussão em meio à história.
Cabe ao professor dosar, de forma equilibrada, tais questionamentos, a fim de que não haja tantas pausas, mas se garanta espaço para a interação com o livro.
Dica
Como se trata de uma leitura com diversos conceitos sobre família e formação familiar, recomenda-se que a primeira leitura seja realizada em sala de aula, pelo professor.
Mãe de verdade ou não?
No momento em que Ida e Ernesto falam de suas mães, eles referem-se a “mãe de verdade” e madrasta. É possível perguntar o seguinte:
• Existe algum outro nome para “mãe de verdade”?
• Será que todas as mães não são mães de verdade?
O professor pode, então, explicar que todos temos uma mãe biológica, que é a pessoa que nos deu à luz, mas outras figuras maternas também podem exercer o papel de mãe.
A importância do vínculo afetivo
A seguir, Luna Alice explica que a mãe que a acolheu precisa dar amor, e Ernesto a questiona: “Amar o bebê, você acredita nisso?”. Pergunte à turma o seguinte:
• Vocês também acham que é importante que exista alguém para amar o bebê?
• Por que será que é importante ter alguém que te diga coisas boas e demonstre carinho?
Esse é o início de uma conversa sobre a importância da vinculação afetiva na primeira infância.
Reflexões sobre as diferentes formas de maternidade e composições de família
Ao longo da história, podem surgir dúvidas sobre os diferentes tipos de mães que Luna Alice teve até chegar à mãe adotiva. Nesse caso, o campo Para saber mais, apresentado no início deste roteiro, pode ser útil para o professor esclarecer as perguntas dos estudantes.
É importante destacar que, mesmo que haja uma criança na sala que esteja vivendo ou tenha vivido algo semelhante ao que a personagem vivenciou, histórias como essas são valiosas. Elas ampliam a compreensão, acolhem experiências semelhantes e permitem que as crianças se reconheçam nas situações apresentadas e se identifiquem com elas. Esse é o poder da literatura: aproximar o desconhecido e promover a identificação, criando empatia e novas perspectivas.
Mostrar-se interessado e envolvido pela leitura de livros de literatura e por outras produções culturais do campo e receptivo a textos que rompam com seu universo de expectativas, que representem um desafio em relação às suas possibilidades atuais e suas experiências anteriores de leitura, apoiando-se nas marcas linguísticas, em seu conhecimento sobre os gêneros e a temática e nas orientações dadas pelo professor."
Identificar mudanças e permanências nas formas de organização familiar.
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Após a leitura do livro, você pode abrir espaço para dialogar com os estudantes sobre suas percepções sobre a história.
Aqui estão algumas sugestões de perguntas:
• No início do livro, os irmãos Ida e Ernesto se recusam a falar com Luna porque não a conheciam muito bem. O que podemos fazer para nos aproximarmos das pessoas e criarmos novas amizades mesmo com quem é diferente?
• Como vocês se sentem quando alguém faz algo diferente ou é diferente de vocês? Isso os afasta da pessoa?
• Todas as famílias são iguais?
• Vocês acham que uma pessoa pode ter várias mães ou pais? Como isso seria?
• O que define uma família?
• Como podemos respeitar e acolher diferentes tipos de família mesmo que não sejam como a nossa?
• O que vocês aprenderam com Luna e suas diferentes mães?
As respostas das crianças podem variar bastante. Algumas podem dizer que se sentem curiosas ou com medo diante de algo diferente, ou que acham que só quem mora junto é considerado família. É importante que o pro-fessor valide as respostas, explicando que é normal ter sentimentos variados e que o mais importante é respeitar as diferenças. Incentivar o respeito, a gentileza e a curiosidade em conhecer o outro são maneiras de promover a empatia e a inclusão, mostrando que as famílias e as amizades podem ser construídas de diversas formas.
Essas perguntas também podem ser utilizadas para iniciar as propostas de atividades indicadas a seguir.
ATIVIDADES
História de uma família feliz
Após a conversa sobre diferentes tipos de famílias e inspirados na história de Luna Alice, divida os estudantes em pequenos grupos e peça para que cada grupo invente uma história sobre uma família feliz. Cada grupo deverá criar uma família com uma composição única: pode ser uma família com dois pais ou duas mães, uma família em que os avós cuidam dos netos, uma família adotiva, ou até mesmo uma família formada por amigos que vivem juntos.
Nessa história, eles devem mostrar o que torna essa família especial e o que a faz feliz, destacando os valores e os momentos que os unem, como amor, respeito, risadas e apoio. Em seguida, cada grupo apresentará sua família para a turma, compartilhando os “segredos” da felicidade dessa família fictícia.
Para encerrar, promova uma conversa sobre como cada família é única e valiosa e como essas diferenças tornam nossa sociedade mais rica e acolhedora. Essa atividade servirá de inspiração para as próximas propostas artísticas e reflexivas.
Quem disse que família é tudo igual?
Após a criação da história na proposta anterior, cada grupo deverá fazer uma representação artística da fa-mília inventada. Para fugir do tradicional papel A4, o professor pode propor duas maneiras diferentes para as representações das famílias.
• Casas penduradas: proponha que os grupos façam a família em um papel em formato de casa, com cada membro desenhado em uma “janela” da casa. Crie pequenas casas de papel ou cartolina com os desenhos das famílias e pendure-as com fios ou barbantes de diferentes alturas, formando uma “vila suspensa”.
• Casas 3D: monte algumas casas ou um prédio em 3D com caixas de papelão, nas quais cada casa ou andar do prédio pode representar diferentes configurações familiares. As crianças podem pintar as casas e decorar seu interior com figuras das famílias e animais que ilustram a diversidade familiar.
Além da família inventada, os estudantes também podem fazer um desenho da sua própria família. Esse trabalho artístico ajuda a explorar as diferentes formas de famílias e o sentimento de pertencimento. Ao final, os desenhos poderão ser exibidos em uma pequena exposição na sala. Aqui vão algumas referências para esse projeto:
Quem disse que família é tudo igual?
Para finalizar e aprofundar a reflexão sobre as diferentes configurações familiares, peça para que os estudantes pesquisem curiosidades sobre a diversidade de famílias tanto no mundo humano quanto no mundo animal e entrevistem pessoas com formações familiares variadas (com a ajuda de seus familiares). Com essa pesquisa, eles poderão perceber que até as famílias mais antigas podiam ter configurações diferentes, como uma tia que sempre viveu na casa da avó, um tio que morou em uma instituição de acolhimento, etc.
Depois, organize uma instalação coletiva com as ilustrações das casas, frases e depoimentos das entrevistas, além de curiosidades sobre famílias de espécies animais (como famílias de elefantes, de pinguins ou de lo-bos). Essa instalação poderá ter um painel colaborativo no qual as crianças compartilham o que mais gostam em suas próprias famílias, celebrando a pluralidade e promovendo a inclusão.
Dos estudantes
vídeo 7 Animais que ADOTARAM Filhotes de Outra Espécie apresenta histórias inspiradoras de animais que demonstram cuidado ao adotar filhotes de diferentes espécies, mostrando a diversidade das composições familiares no reino animal. Ele pode ser apresentado antes da proposta “Quem disse que família é tudo igual?” para instigar os estudantes a fazer suas próprias pesquisas.
Dos professores
A seguir, propomos dois materiais complementares para você se aprofundar no tema de famílias.
O Guia de ação com famílias é um documento informativo produzido pelo Instituto Fazendo História. https://linkja.net/GuiaDeAcaoComFamilias
Um artigo no portal Lunetas fala sobre uma pesquisa a respeito do perfil de crianças e adolescentes acolhi-dos em casas, lares e abrigos públicos e de Organizações Não Governamentais ao redor do país.
https://linkja.net/32MilCriancasVivemLongeDaFamilia
O vídeo Quero ser uma família acolhedora, mas e se eu me apegar?, disponível no YouTube, traz uma reflexão sobre a importância da criação de laços afetivos para crianças e adolescentes em situações adversas. Na reportagem Família acolhedora: pais temporários e um amor pela vida toda, você pode saber mais sobre a região com o menor número de cidades com a presença do serviço de Família Acolhedora no país.
O vídeo está disponível em: https://linkja.net/QueroSerUmaFamiliaAcolhedora
A reportagem pode ser acessada em: https://linkja.net/FamiliaAcolhedoraPaisTemporarios
Clique para imprimir o seu roteiro de leitura:
Referências
ALBUQUERQUE, Jean. Família acolhedora: pais temporários e um amor pela vida toda. Lunetas, [S. l.], 8 out. 2021.
Disponível em: https://linkja.net/FamiliaAcolhedoraPaisTemporariosAmorVidaToda. Acesso em: 12 nov. 2024.
FAMÍLIA ACOLHEDORA. Família acolhedora. Glossário, [S. l.], 2021.
Disponível em: https://linkja.net/FamiliaAcolhedoraGlossario. Acesso em: 15 out. 2024.
FANTÁSTICO. Instituições tentam aumentar número de famílias acolhedoras no Brasil; prática é alternativa aos abrigos. G1, [S. l.], 4 jul. 2021. Disponível em: https://linkja.net/InstituicoesFamiliasAcolhedorasBrasil. Acesso em: 12 nov. 2024.
FAZENDO MINHA HISTÓRIA. Metodologia de trabalho com histórias de vida na promoção de convivência e fortalecimento de vínculos familiares. [S. l.: s. n.], 2019. 38 p. Disponível em: https://linkja.net/GuiaDeAcaoComFamilias. Acesso em: 15 out. 2024.
INSTAGRAM. Decoração com galhos (imagem 2). PLAY.EXPLORE.DISCOVER. 14 fev. 2019. Imagem. Disponível em: https://www.instagram.com/p/Bt2wmY2hGJs/?img_index=2. Acesso em: 12 nov. 2024.
INSTITUTO FAZENDO HISTÓRIA. Publicações. Instituto Fazendo História, [S. l.], 2021. Disponível em: https://linkja.net/FazendoHistoriaPublicacoes. Acesso em: 15 out. 2024.
PINTEREST. Ideias de exposições. 24 abr. 2019. MAB. Imagem. Disponível em: https://linkja.net/IdeiasDeExposicoes.
Acesso em: 12 nov. 2024.
PINTEREST. Casinhas de papel. 3 abr. 2024. Tarefas para maternal. Imagem. Disponível em: https://linkja.net/TarefasParaMaternal. Acesso em: 12 nov. 2024.
QUERO ser uma família acolhedora, mas e se eu me apegar?. Produção: Instituto Fazendo História. YouTube: [s. n.], 2022. Disponível em: https://linkja.net/QueroSerUmaFamiliaAcolhedora. Acesso em: 15 out. 2024.
RAMOS, Eduarda. No Brasil, 32 mil crianças e adolescentes vivem longe da família. Lunetas, [S. l.], 8 ago. 2023. Disponível em: https://linkja.net/32MilCriancasVivemLongeDaFamilia. Acesso em: 12 nov. 2024.
7 animais que ADOTARAM filhotes de outra espécie. Direção: Mundo Inverso. YouTube: [s. n.], 21/08/2019. Disponível em: https://linkja.net/AnimaisAdotaramOutrasEspecies. Acesso em: 15 out. 2024.